Quatro cadeias de supermercados britânicos anunciaram esta semana que irão racionar a venda de produtos como tomate, pepino, pimento, alface, bróculos ou couve-flor, face às quebras de produção registadas no início deste ano. Nas cadeias Morrison, Asda, Tesco e Aldi cada cliente só pode comprar entre dois a três packs de cada um destes produtos.
Desde o final de 2022 que se verifica a escassez de alguns alimentos nas prateleiras dos supermercados, intensificada pela inflação e por condições meteorológicas adversas.
Os Países Baixos reduziram o número de culturas depois de a guerra na Ucrânia ter feito disparar o preço da energia utilizada para iluminar e aquecer as estufas e dos fertilizantes.
Confrontados com esta situação, alguns retalhistas optaram por importações a Espanha e a países do Norte de África como Marrocos ou até o Egipto. Geadas e temperaturas anormalmente baixas nestes países destruíram as culturas. “Todas as culturas sofrem, até as culturas protegidas, quando se verifica uma queda tão acentuada da temperatura. Estes fatores traduzem-se numa grande redução do tamanho e da qualidade dos produtos, inclusive no aparecimento de pragas e vírus”, explica Tim O’Malley ao Fresh Produce Journal.
Existem opiniões divergentes acerca da influência do Brexit nesta situação. A saída do Reino Unido da União Europeia e do mercado único provoca maiores custos de importação, crescente burocracia e constrangimentos nas alfândegas impedindo o escoamento atempado da mercadoria. Mesmo assim, alguns países de importação como Marrocos ou o Egipto não se encontram na União Europeia, sendo já sujeitos a controlos adicionais o Brexit não pode ser a única explicação para a ausência de produtos nos supermercados. “Não ajuda que o Reino Unido esteja fora da UE e do mercado único, mas não creio que esta seja a principal razão pela qual o Reino Unido enfrenta carências”, afirmou KsenIja Simovic, analista política da COPA-COGECA a maior cooperativa agrícola da União Europeia, à BBC.
Nos últimos meses, muitos agricultores britânicos adiaram a produção devido à inflação e a geadas, pelo que se prevê que outros hortícolas e fruta sejam também alvo de racionamento. Adicionalmente, a gripe das aves, que tem devastado o Reino Unido, pode provocar o racionamento de ovos.
De momento, a situação no Reino Unido não parece ter tradução no mercado único europeu. Mesmo numa situação em que o abastecimento é limitado, o mercado único permite uma maior e melhor capacidade de coordenação e de distribuição dos produtos.