Pagamentos ilícitos a vice-ministros e contratos militares inflacionados estão na origem do escândalo que rebentou no passado fim de semana, na Ucrânia, e que já fez rolar 15 cabeças nas estruturas de poder da Ucrânia.
A onda de demissões começou no sábado, quando o vice-ministro das Infraestruturas, Vasyl Lozinskyi, foi detido depois de ter sido acusado de receber um suborno de 400 mil dólares [cerca de 370 mil euros] para “facilitar” e beneficiar uma empresa na compra de geradores a preços inflacionados.
Após a detenção de Lozinskyi, Zelenskiy prometeu adotar uma abordagem de tolerância zero com a corrupção, um problema que atormenta a Ucrânia desde a independência. “Quero que fique claro: não haverá volta ao que era antes”, disse o Presidente.
Só nas últimas 24 horas saíram 11, incluindo o vice-ministro da Defesa do Governo de Kiev, Kyrylo Tymoshenko, e vários altos funcionários do Estado ucraniano.
A corrupção tem sido uma questão complexa para jornalistas e ativistas ucranianos desde o início da guerra, por temerem que revelar provas de corrupção possa prejudicar o apoio internacional ao esforço de guerra de seu país.
O principal ativista anticorrupção, Vitaliy Shabunin, disse que a demissão dos acusados de corrupção é uma prova de que o recém-criado sistema anticorrupção da Ucrânia está a funcionar. “Não só o sistema anticorrupção está a funcionar, mas os políticos estão a aprender a trabalhar de uma nova maneira”, disse Shabunin.
Os seis políticos de maior peso que saíram
Kyrylo Tymoshenko, vice-chefe do gabinete de Zelensky
Kyrylo Tymoshenko, vice-chefe do gabinete presidencial da Ucrânia, que foi filmado a conduzir um carro que pertencia a um proeminente empresário ucraniano, escreveu numa nota publicada na rede social Telegram: “Agradeço ao presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky pela confiança e pela oportunidade de fazer boas ações, todos os dias e a cada minuto”. Já foi publicado um decreto a aceitar a demissão no site presidencial.
“Agradeço a todos os ucranianos pela confiança. Agradeço às Forças Armadas por salvarem e defenderem o país. Agradeço à minha mulher e filho por compreenderem e apoiarem”, terminou.
Pavlo Halimon, vice-presidente do partido de Zelensky
O site noticioso ucraniano Ukrainska Pravda publicou segunda-feira uma investigação que dá conta da compra de uma casa em Kiev bem acima dos seus rendimentos. Halimon não comentou ainda as acusações.
Vyacheslav Shapovalov, vice-ministro da Defesa ucraniano
Vyacheslav Shapovalov, responsável pelo fornecimento de alimentos e equipamentos às Forças Armadas, saiu depois de ser acusado de corrupção pelos meios de comunicação social. O responsável afirma que estas acusações são “infundadas”.
Oleksiy Symonenko, Vice-procurador geral da Ucrânia
O vice-procurador geral ucraniano, Oleksiy Symonenko, também entregou a sua demissão. De acordo com a Reuters, a declaração da saída do vice-procurador geral não avançou com motivos, afirmando apenas que decisão foi de acordo com o “seu próprio desejo”.
Symonenko esteve na mira dos meios de comunicação social ucranianos por ter estado de férias em Espanha, durante o Ano Novo, em plena guerra.
Vyacheslav Negoda e Ivan Lukerya, vice-ministros do Desenvolvimento de Comunidades e Territórios da Ucrânia
Vyacheslav Negoda e Ivan Lukerya, vice-ministros do Ministério das Infraestruturas, com a pasta do Desenvolvimento de Comunidades e Territórios da Ucrânia, também se demitiram da suas funções.