Em setembro deste ano, a organização não-governamental espanhola Safeguard Defenders divulgou um relatório que denunciou a existência das “esquadras ilegais” chinesas espalhadas pelo mundo. Passados três meses, avisam que, afinal, ainda são mais.
No relatório publicado esta segunda-feira, descobriu-se que a Itália é o país que abriga o maior número de “esquadras ilegais” chinesas de uma rede de mais de 100 em todo o mundo, que têm forçado alguns dos cidadãos a regressar ao país de forma ilegal. Foram ainda identificados centros na Croácia, Sérvia e Roménia.
Em setembro, a organização denunciou os “centros de serviço policial” que terão persuadido 230 mil alegados fugitivos a regressar à China entre abril de 2021 e julho deste ano. As autoridades chinesas afirmam que os centros são apenas “estações de serviço” criadas para ajudar os cidadãos chineses com procedimentos burocráticos, como a renovação de passaporte ou carta de condução, ou até ajudar cidadãos chineses confinados pela pandemia de Covid-19 a regressar a casa.
Estão a ser feitas investigações policiais em pelo menos 14 países, incluindo Canadá, Alemanha, Holanda e em Portugal, que mantém três em Lisboa, no Porto e na Madeira. Segundo o documento, são quatro as províncias chinesas que controlam estas esquadras: Qingtian, Fuzhou, Nantong e Wenzhou.
O caso de Itália
A organização nota que foram identificados mais 48 centros, sendo que 11 ficam em território italiano, nas cidades de Roma, Milão, Bolzano, Veneza, Florença, Sicília e Prato – uma cidade perto de Florença que abriga a maior comunidade chinesa da Itália.
No relatório lê-se que “apesar de ter o maior número de centros, o governo italiano está entre os poucos países europeus que ainda não anunciaram publicamente uma investigação sobre as esquadras da polícia chinesas no exterior ou declararam sua ilegalidade”.
Numa declaração ao jornal Il Foglio em setembro, o Ministério do Interior da Itália, que na época estava sob o governo de Mario Draghi, disse que as supostas esquadras não oficiais da polícia chinesa “não eram motivo de preocupação”.