Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a cooperação entre as Nações Unidas e a União Africana, Guterres informou estar a preparar um relatório de progressos sobre o financiamento dessas operações, que deve ser entregue em abril de 2023.
“Cabe-nos a nós implementar uma arquitetura inovadora que apoie as operações de paz africanas de maneira eficaz e sustentável”, afirmou o líder da ONU, acrescentando que África continua a enfrentar “desafios persistentes”, que “só podem ser atendidos através de uma abordagem local e adaptada, bem como de uma grande determinação da comunidade internacional — inclusive dentro deste Conselho”.
No seu discurso, o ex-primeiro-ministro português indicou uma série de problemas que afetam o continente africano, como o facto de o uso da força continuar a ser visto, com frequência, como o único método de resolução de disputas; a ascensão de mudanças inconstitucionais de Governo; e o facto de afiliados do Daesh e da Al-Qaida continuarem os seus ataques mortais e a extensão do seu domínio no Sahel.
No Corno de África, Etiópia, leste da República Democrática do Congo, Mali, Sudão e Líbia, conflitos prolongados e uma terrível situação humanitária estão a levar as pessoas ao desespero, indicou ainda Guterres.
Para o secretário-geral, África é um “caso clássico de injustiça moral e económica”, referindo-se às alterações climáticas.
“Estamos a ir em direção a um penhasco climático. Para muitos africanos, esta não é uma ameaça distante, mas uma realidade diária. África mal contribui para as emissões globais de gases de efeito estufa. No entanto, está a pagar um preço exorbitante”, disse.
“Louvo os muitos Estados, regiões e municípios africanos que estão a dar passos ousados para combater as mudanças climáticas, apesar dos sérios desafios”, afirmou Guterres, apelando aos países do G20 – que são responsáveis por 80% das emissões de gases de efeito estufa — “que finalmente tomem as medidas urgentes necessárias”.
Ao abordar os problemas que afetam a União Africana, o chefe das Nações Unidas defendeu ainda a necessidade de um mecanismo global eficaz de alívio da dívida.
“Presto homenagem à dedicação da União Africana e à perseverança de todos os que trabalham diariamente por um continente integrado, pacífico e próspero. Apelo a todos os líderes — neste Conselho, no continente africano e não só — que não poupem esforços para apoiar a União Africana na execução destes objetivos”, concluiu António Guterres.
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