Está sob investigação um homem neozelandês que terá alegadamente recebido 10 doses da vacina contra a Covid-19 no mesmo dia.
O homem ter-se-á dirigido a diferentes centros de vacinação, e recebeu dinheiro de outras pessoas para se fazer passar por elas e receber a vacina no seu nome. A manobra terá partidor de pessoas que não querem ser vacinadas mas continuam a estar sujeitas às apertadas regras do país, que requerem o certificado de vacinação para aceder a muitos espaços e eventos públicos.
Ao jornal neozelandês Stuff, Astrid Koornneef, a gestora do programa vacinação e imunização Covid-19 garantiu que o Ministério da Saúde está a par do incidente. “Estamos a levar este assunto muito a sério. Estamos muito preocupados com esta situação e estamos a trabalhar com as agências apropriadas.”
Na Nova Zelândia, as vacinas podem ser marcadas online, através de um médico, ou as pessoas podem comparecer nos centros de vacinação. Para que seja administrada a vacina, apenas é necessário fornecer ao profissional de saúde o nome, data de nascimento e morada.
O Stuff noticiou ainda, em outubro, que a polícia já tinha sido alertada, por pessoal dos centros de vacinação, que existiam casos, embora raros, de pessoas a receber vacinas em nome de outros. Mas, segundo um porta-voz do Ministério da Saúde, as autoridades receiam que um reforço do processo de identificação antes da vacinação pode ter o efeito adverso de reduzir a adesão da população à vacinação e “trabalhar diretamente contra o nosso objetivo de vacinar o maior número de pessoas possível”.
“Assumir a identidade de outra pessoa e receber um tratamento médico é perigoso”. “Isto coloca em risco a pessoa que recebe a vacina sob uma identidade falsa, e a pessoa cujo registo de saúde mostrará que foi vacinada quando não o fez”. Neste caso, o homem que recebeu as vacinas em nome de outros ficará protegido mas isso não constará dos seus registos médicos. Já as outras pessoas, ficarão à partida com um certificado de vacinação válido sem nunca terem recebido a vacina. “Portanto, se estas pessoas apresentassem quaisquer sintomas ou doenças, um profissional médico estaria a trabalhar com registos de saúde imprecisos”, continua o porta-voz.
As autoridades aconselham ainda que qualquer pessoa que tenha recebido mais doses da vacina do que as recomendadas procure ajuda médica o mais cedo possível.
Helen Petousis-Harris, vacinologista e professora da Universidade de Auckland, explicou ao Stuff que não existem dados sobre o que poderia acontecer a alguém que tivesse tomado um número tão elevado de doses, mas que provavelmente o homem estaria fora de perigo – embora talvez venha a sentir os efeitos adversos da vacina de forma mais intensa.
A vacinologista acrescentou ainda que, apesar de o homem estar sem dúvida protegido contra a Covid-19, o facto de ter recebido 10 doses não lhe confere uma proteção proporcionalmente maior – quando os cientistas estabeleceram a dose recomendada, este foi um fator considerado, uma vez que uma dose mais elevada aumentaria as reacções adversas, mas sem qualquer benefício para a imunidade.