A Sinovac Biotech vai começar os testes clínicos da sua vacina para a Covid-19 em crianças e adolescentes no final deste mês. A empresa biofarmacêutica, que está na fase final dos testes com adultos, pretende alargar os seus testes a faixas etárias mais novas.
A empresa chinesa começou a desenvolver a “CoronaVac” no final de janeiro, menos de uma semana depois da cidade de Wuhan, na China, entrar em confinamento total. A sua vacina administra o vírus na forma inativa, de forma a criar anticorpos para combater a Covid-19.
Imunizar os mais novos
Até ao momento, os dados mundiais indicam que o vírus tende a causar efeitos leves em crianças, apesar de a Organização Mundial de Saúde (OMS) já ter reportado vários casos que requereram internamento hospitalar. No entanto, a transmissão do vírus a outras pessoas pelos jovens, incluindo a doentes de risco, continua a ser possível.
O objetivo de incluir as faixas etárias mais novas nos testes passa por encontrar uma vacina eficiente para toda a população, de todas as idades.. Vacinar os mais novos pode ser essencial para prevenir surtos do vírus em locais como as escolas, que podem afetar pais e professores.
Os testes da Sinovac vão contar com um total de 552 participantes saudáveis, com idades entre os 3 e os 17 anos, que vão tomar duas doses da vacina. A Sinovac prevê que o início dos testes seja no dia 28 de setembro, de acordo com um relatório da empresa. Um porta-voz da Sinovac afirmou que o teste já foi aprovado por um regulador chinês.
À velocidade da luz
A vacina experimental da Sinovac, que já está na sua fase final na China, Brasil, Indonésia e Turquia, foi autorizada pelo governo chinês para “uso limitado de emergência”. A CoronaVac já foi administrada a dezenas de milhares de cidadãos chineses, incluindo 90% dos funcionários da empresa e aos seus familiares.
No início deste mês, a Sinovac afirmou que a CoronaVac aparenta ser segura e apta a criar anticorpos em idosos, apesar de serem menores do que aqueles observados em pessoas mais novas. De acordo com a empresa, não forem verificados quaisquer “efeitos adversos graves” nas duas primeiras fases de testes da vacina.
No entanto, a administração em massa da vacina antes da aprovação da fase final não é consensual na comunidade científica. No final de agosto, Anthony Fauci, uma das figuras mais influentes no combate à covid-19 nos EUA, alertou para os perigos de um uso de emergência sem autorização. O médico americano, perito em imunologia, afirmou que “o grande perigo de lançar prematuramente uma vacina é que torna difícil, se não mesmo impossível, que as outras vacinas do mercado possam incluir novas pessoas nos seus testes”.