Quem não se lembra dos dois hospitais que se ergueram em dez dias numa cidade chinesa cujo nome nos era então desconhecido, bem no início de fevereiro, perante a massa crescente de doentes da então novíssima Covid-19? Haveriam de seguir-se mais de dois meses de quarentena para aquela população, até à primeira semana de abril. Sem novas infeções, e com todos os cuidados, a cidade chinesa de Wuhan abria as portas e mostrava ao mundo como seria este novo normal.
Mas depois de um mês sem registo de doença foram detetados seis novos casos num bairro residencial. Eis então que se avança para a mais radical das medidas: testar toda a população num raide. Só assim, defendem os seus responsáveis, será possível detetar, isolar, tratar, como pedem as boas práticas.
Batalha em dez dias
A empreitada começou a meio de maio e, contas anunciadas pela emissora estatal, até ao passado fim de semana, já tinham sido recolhidas amostras a mais de 9 milhões de habitantes – qualquer coisa como 80% da população. Para já, estes testes em massa permitiram identificar quase 200 casos assintomáticos, as tais pessoas que são portadoras do vírus, mas não apresentam sintomas. Foi o que as autoridades chamaram de “batalha de 10 dias”, a mostrar ainda que a sua capacidade de testar se bate ombro a ombro com a de muitos outros países.
As imagens mostram o resto: cabines de análise espalhadas pelos bairros da cidade. Moradores com máscara em fila para fazer o seu teste. Quem não conseguia vaga num dia, voltava no outro – só no sábado foi preciso montar 231 cabines extra para responder a todos os pedidos, garantiu o Changjiang Daily, o boletim oficial diário feito Wuhan, citado pela CNN. E ninguém foi esquecido. No caso dos idosos, e dos cidadãos com deficiência, a recolha foi feita porta a porta, pelos profissionais de saúde.