Keith Wildhaber, polícia no condado de St. Louis, no estado norte-americano do Missouri, vai receber uma indeminização de 18 milhões de euros por decisão do tribunal, depois de o departamento onde trabalhou durante mais de 15 anos ter impedido sucessivas promoções por, queixa-se o agente, ser homossexual.
Em maio de 2016, Keith Wildhaber apresentou a primeira queixa formal na Comissão de Igualdade de Oportunidades de Trabalho dos EUA por sentir-se alvo de discriminações homofóbicas. Um mês depois, o agente foi tranferido para uma outra esquadra a quase 50 quilómetros da sua área de residência. Indignado, Wildhaber respondeu com uma segunda queixa por retaliação que terminou agora com uma decisão judicial que obriga o departamento da polícia de St. Louis a pagar uma indeminização de quase 20 milhões de dólares – 18 milhões de euros – 2 milhões por danos reais e 16 milhões por discriminação e retaliação. Aos repórteres, o coletivo de juízes explicou que esta decisão é uma mensagem para que todos percebam que “quem discrimina paga um preço elevado”, conforme cita o The Post-Dispatch.
Durante o julgamento, o chefe do departamento da polícia de St. Louis, Jon Belmar, alegou não existir provas de discriminação devido à orientação sexual do agente e acrescentou não ter tido conhecimento da transferência de Wildhaber para outra esquadra.
O diretor executivo do comando de polícia de St. Louis, Sam Page, já anunciou este domingo, através do Twitter, que muito em breve será apresentada uma nova comissão para o quadro de chefias da polícia: “O nosso departamento deve ser um lugar onde cada membro da comunidade e cada funcionário é respeitado e tratado com dignidade”, pode ler-se no tweet.
Os coletivo de juízes disse ao The Post-Dispatch que as declarações prestadas por uma viúva de um ex-agente daquele departamento foram determinantes para a acusação. Segundo esta testemunha, o capitão da polícia de St. Louis, Guy Means, ter-se-á referido ao agente como “frustrado” durante um evento em 2015 e terá sido nessa altura que comentou que Wilhaber nunca seria promovido porque era gay. Para conquistar a “camisola branca” – uma promoção – o agente deveria “baixar o tom” da sua homossexualidade, segundo alegou a mesma testemunha.
A Associação de Polícia do condado de St. Louis, o sindicato que representa os agentes policiais de St. Louis, disse em comunicado no Facebook – entretanto apagado – que o processo de negociação de novos contratos com o departamento foi adiado devido à “falta de vontade em proteger a capacidade da nossa organização lutar contra a discriminação e as retaliação internas “. E acrescentou: “Embora tenhamos muita vergonha pelas supostas ações de alguns dos principais comandantes de nosso departamento, estamos ansiosos pelo processo de “cura” que pode começar agora que este caso foi ouvido na praça pública”, podia ler-se no post, segundo escreveu a CNN.
Sam Moore, advogado de Wildhaber, aplaudiu esta decisão e disse tratar-se de um caso histórico. “Este tem sido um caminho longo e difícil para o Keith. A coragem dele em defender o que está certo deve ser uma inspiração para os funcionários de qualquer lugar”, acrescentou.