Em 2014, Daniela Greene, tradutora do FBI, que gozava de um nível de permissões que lhe permitia acesso a informações confidenciais, anunciou, na delegação do FBI onde trabalhava, em Detroit, que ia visitar os pais, durante umas semanas, na Alemanha, em junho. Em vez disso, viajou até à Turquia, atravessou a fronteira e casou com um militante do Estado Islâmico que documentos agora revelados pela CNN identificam como Denis Cuspert, um antigo rapper alemão, que dava pelo nome de Deso Dogg e que passou a ser considerado terrorista pelos EUA em 2015.
Cuspert, descrito como um recrutador do Daesh, aparece em vários vídeos do grupo extremista islâmico, incluindo um em que segura uma cabeça decapitada e outro em que elogia Osama bin Laden e ameaça ex-presidente americano Barack Obama. Era este homem, que na Síria respondia pelo nome de Abu Talha al-Almani, que a equipa onde estava integrada Daniela Greene estava a investigar.
Mas esta não é uma história que termina com “e viveram felizes para sempre”. Semanas depois do casamento, Greene, de 38 anos, arrepende-se. Num email enviado a uma amiga, em julho de 2014, escreveu: “Desta vez, fiz asneira”. Noutro email, lia-se: “Não sei quanto tempo vou durar aqui, mas não importa, é demasiado tarde”.
Não é claro como a agente, nascida na antiga Checoslováquia e casada com um soldado americano, conseguiu fugir, mas o certo é que em agosto está de volta aos Estados Unidos, onde foi detida imediatamente e prometeu colaborar com as autoridades.
Segundo a CNN, além de mentir, Greene ainda avisou Cuspert de que estava sob investigação. Greene declarou-se culpada e foi setenciada a uma pena de dois anos numa prisão federal. Saiu em liberdade no verão passado.
O caso, que só foi divulgado agora, tem levantado questões em relação ao tratamento dado a Greene, que recebeu uma sentença reduzida em troca da sua cooperação.