00:52 – O exército é omnipresente nas ruas de Paris. Na Praça da Bastilha, local emblemático da cidade, vive-se um ambiente estranho, quase um cenário de guerra.
00:30 – Maioria das vítimas são jovens – qual será a resposta dos franceses?
Os atentados desta sexta-feira, 13 de novembro, foram um ataque também ao modo de vida dos franceses: os tiros de metralhadora e o lançamento de granadas ou explosivos foram feitos em locais frequentados maioritariamente por jovens, que apenas procuravam, em restaurantes, cafés e numa sala de espetáculos, uns momentos de descontração e divertimento após uma semana de trabalho.
Ao contrário do que sucedeu, no início do ano, nos atentados aos humoristas do Charlie Hebdo, desta vez os terroristas não procuravam uma vingança específica. Foram, isso sim, e numa ação coordenada, a alguns principais locais de diversão da noite parisiense.
A grande dúvida que surge agora é como irá reagir o povo francês a uma ataque desta envergadura?
Desta vez não se sabe se o país vai ter o mesmo sobressalto de dignidade, de reflexão e de sangue frio, como sucedeu no Charlie Hebdo. O facto das vítimas serem jovens na sua maioria pode mudar tudo. Este foi um ataque aos filhos da nação.
Este ataque ocorre também três semanas antes das eleições regionais. Umas eleições em que, segundo as últimas projeções, a Frente Nacional, de extrema direita, podia ganhar já, pela primeira vez, três das 13 regiões do país. Que efeitos podem ter estes atentados nos resultados eleitorais?
00:29 – Mais de 35 ambulâncias foram enviadas para junto do Bataclan, para recolher vítimas e tratar dos feridos. O Presidente François Hollande já anunciou que irá, ainda esta noite, ao local onde se registaram mais vítimas dos atentados desta noite
00:22 – Cerca de 100 mortos no interior do Bataclan, segundo fontes policiais.
23:59 – Uma pergunta começa a assolar muitos franceses esta noite: Como vai acordar a França amanhã? A seguir aos atentados no Charlie Hebdro as pessoas saíram para a rua num misto de resistência e serenidade. Será que depois de um ataque desta envergadura isso voltará a acontecer? Será que vão continuar a existir apelos ao diálogo? Até onde irá o estado de crispação que se sente já latente em Paris?
23:50 – Locais onde, segundo várias fontes, se sabe que ocorreram alguns dos atentados: o Bar Carillon e o restaurante Petite Cambodge, ambos na zona de Carillon, no 10.º bairro. Na sala de espetáculo Bataclan, onde dezenas de pessoas foram feitas reféns. Rajadas de metralhadora na rua de Charonne (11.º bairro). E junto ao Stade de France, durante o jogo amigável entre as seleções da França e da Alemanha. Aqui foram descobertos alguns corpos desmembrados, o que levanta a hipótese de os ataques terem sido perpetrados por terroristas suicidas.
23:45 – Prefeitura de Paris volta a pedir aos habitantes da capital francesa para que fiquem em casa e evitem sair à rua. Ao que tudo indica, teme-se que alguns dos autores dos atentados se encontrem a monte
23:30 – Um total de 11 ataques terá ocorrido esta noite em Paris
23:20 – Ouvem-se novas explosões e rajadas de tiro, junto ao Bataclan, onde um grupo indeterminado de terroristas mantém reféns algumas dezenas de pessoas
À medida que as horas passam aumenta a tensão no centro de Paris. Encontro-me junto ao cordão de segurança montado em redor do cabaret Bataclan, no boulevard Voltaire, e o cenário é o mais semelhante possível ao de um local de guerra: os elementos das forças policiais mostram um nervosismo pouco habitual, entre os jornalistas vive-se um sentimento de enorme consternação e revolta. E, ao contrário do que sucedeu, por exemplo, após os atentados no “Charlie Hebdo”, desta vez encontram-se muitos grupos de pessoas nas ruas a tentar provocar confusão e a radicalizar os acontecimentos.
Este aumento de tensão tornou-se mais evidente à medida que se ia conhecendo a dimensão dos atentados desta noite. Quando saí na estação de metro da Bastilha, por volta das 23 horas locais (22 em Lisboa), e me comecei a dirigir à zona do Bataclan, onde se encontram vários reféns, o ambiente geral era ainda próximo ao de uma normal sexta-feira à noite: grupos de jovens a conviver, nos diversos bares da zona, aproveitando também o tempo ameno que se vive na capital francesa. Não se viam sinais de alegria entre as pessoas, não se ouviam gargalhadas, mas parecia tudo mais ou menos calmo.
À medida que ia subindo o boulevard Voltaire tudo ia ficando mais pesado e tenso. As ruas começaram a ficar desertas, os veículos das forças de segurança ocupavam todos os passeios e o ambiente de crispação começou a ficar extremamente tenso. Temos conhecimento de que continuam pessoas, nomeadamente jornalistas, dentro de alguns restaurantes e bares junto do Bataclan, mas que estão agora dentro do cordão de segurança – mas as comunicações estão todas cortadas.
Tenho conhecimento, por exemplo, de uma mulher que se encontra fechada em casa, com a filha de 18 meses, num prédio próximo do restaurante Petit Camboja, onde ocorreu um dos tiroteios. A sua situação ilustra bem o estado de guerra que se vive, esta noite, em algumas zonas de Paris: ela está, com a filha, no escuro total, aterrorizada, a ouvir os gritos dos feridos e dos socorros na rua.