O governo alemão abriu uma investigação ao site de notícias Netzpolitik.org, por suspeita de “traição”, depois de este ter denunciado os alegados planos estatais para aumentar a vigilância sobre as comunicações online.
“A procuradoria deu início a uma investigação por suspeita de traição em relação aos artigos (…) publicados no blogue da Internet Netzpolitik.org”, anunciou a Procuradoria-Geral alemã.
Em causa está um artigo sobre como os serviços de segurança interna pretendem mais verbas para aumentar a sua vigilância online e outro acerca dos planos para a criação de unidade especial para monitorizar as redes sociais. De acordo com a queixa apresentada, ambos os artigos se baseavam em informações confidenciais.
O Netzpolitik.org tem vindo a tornar-se cada vez mais popular, com a cobertura que faz regularmente das audições sobre a Agência Nacional de Segurança (NSA) norte-americana a conquistar cada vez mais seguidores.
Em comunicado, um dos bloguers, o jornalista Andre Meister, denuncia o que considera ser “um ataque à liberdade de imprensa”, enquanto o editor chefe, Markus Beckedhal, garante: “Nós não vamos ficar intimidados com isto.”
Michael Konken, chefe da associação de imprensa alemã, já considerou a investigação como uma “tentativa inaceitável de calar dois jornalistas críticos”. O semanário Die Zeit afirma no seu site “Traição à pátria? Não, o ‘Netzpolitik.org’ defende a democracia”. Também online, o Der Spiegel manifesta a sua “solidariedade”.
O The Guardian recorda que, em 1962, o então ministro da Defesa Franz Josef Strauss teve de se demitir na sequência da acusação de “traição” contra o Der Spiegel por causa de um artigo que dava conta da falta de preparo ds forças armadas da Alemanha Ocidental durante a guerra fria.
