A “função fundamental” de uma mulher é estar em casa com o seu marido e crianças, mas poderão sair de casa para servir a comunidade apenas em circunstâncias expecionais: lutar, quando não houver homens disponíveis e estudar religião, enquanto médicas e professoras podem sair mas “deverão seguir as regras da sharia estritamente”.
Sem surpresas, este manifesto semi-oficial do Estado Islâmico acerca das mulheres – possivelmente o primeiro do género – foi publicado num fórum jihadista no mês passado, em árabe, alegadamente, segundo o britânico The Guardian, por iniciativa da Brigada al-Khanssaa, uma milícia composta apenas por mulheres.
Na introdução lê-se que este guia não foi sancionado pelo Estado Islâmico ou pela sua liderança, mas é um documento para “clarificar o papel da mulher muçulmana e da vida que é desejada para elas” e para “clarificar as realidades da vida e da existência santificada das mulheres no Estado Islâmico.”
Com especial destaque para o estudo da religião, o manual recomenda que as raparigas entre os 10 e 12 desenvolvam também “aptidões como têxteis e tricotar e culinária básica”. Já “dos 13 aos 15 anos, haverá um maior foco na sharia (código moral e lei religiosa)” e nas capacidades nrecessárias “à criação de filhos”.
“É considerado legítimo uma rapariga casar-se aos 9 anos. A maioria das raparigas puras serão casadas aos 16 ou 17, enquanto ainda são jovens e ativas. Os homens jovens não terão mais que 20 anos nessas gerações gloriosas,” acrescenta o documento.
O manifesto inclui uma longa condenação da cultura dos “céticos da Europa”, incitando as suas leitoras a rejeitar “a falsidade e o materialismo da civilização” e, em vez disso, a dedicarem-se ao conhecimento religioso, à implementação da lei de sharia e à divulgação do Islão.
Noutra secção, intitulada “Como os soldados de Iblis [o diabo] afastam as mulheres do paraíso”, as autoras centram-se no estilo de vida ocidental, que encoraja homens e mulheres a obter educação e emprego. Denunciam ainda o uso de roupas modernas e piercings, concluíndo com a frase: “Esta urbanização, modernidade e moda é apresentada pelo Iblis em lojas de moda e salões de beleza. É sempre preferível para uma mulher permanecer escondida e velada, manter a sociedade por detrás deste véu.”
“Sim, nós dizemos ‘fiquem nas nossas casas’, mas isso não significa, de forma alguma, que apoiamos a iliteracia, o atraso ou a ignorância. Em vez disso, apoiamos a distinção entre trabalhar – o que envolve uma mulher sair de casa – e estudar, como foi ordenado que faça.”