Enquantos os ativistas gay se congratulam com a mudança de opinião do Presidente norte-americano, que anunciou ontem, pela primeira vez, ser favorável ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, à volta do mundo, as posições dos diferentes governos vão de um extremo ao outro. Em muitos países, a ideia de uniões legais entre homossexuais não passa de um sonho distante e já se contentariam em não ter de recear a violência ou a prisão.
Mas comece-se pela China, onde só há pouco mais de uma década a homossexualidade deixou de ser considerada um problema mental. “O Governo trata a homossexualidade como se não existisse”, diz Xiong Jing, voluntário de um grupo de apoio, em Pequim. A ideia da legalização do casamento gay na China é “irrealista e impossível”, lamenta o ativista.
Na Índia, a homossexualidade continua a ser tabu. Só este ano o governo aceitou uma deliberação da justiça contra uma lei que vinha da era colonial e que proibia as relações entre pessoas do mesmo sexo.
É nos países onde as tradições católicas ou muçulmanas são mais fortes que as uniões homossexuais encontram maior oposição.
“É inaceitável porque é contra a religião, as tradições e contra Deus”, assegura Shady Azer, engenheiro no Cairo, Egito, ouvido pela Associated Press. “Deus criou Adão e Eva, não criou dois Adões e duas Evas”.
No único país do mundo onde o divórcio é ilegal (além do Vaticano), as Filipinas, nem os ativistas gay se entendem quando ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, com alguns elementos a oporem-se mesmo a uma lei nesse sentido.
Por outro lado, em vários países europeus, assim como no Canadá, Argentina ou África do Sul, os casais do mesmo sexo já podem legalizar tranquilamente a sua união. Em seis estados norte-americanos também já possível. Na França, o novo Presidente, François Hollande, defende que a possibilidade de casar e adotar abranja “todos os casais” e a lei nesse sentido deverá sair ainda este ano, depois da oposição do seu antecessor no Eliseu, Nicolas Sarkozy.