As piores inundações dos últimos 50 anos na Tailândia já provocaram 320 mortes, e afectaram cerca de 9 milhões de pessoas. Os residentes da cidade de Ayutthaya, uma das regiões mais afectadas pelas águas, viram-se forçados a deixar as suas casas pelas janelas, carregando crianças e bens à cabeça.
As cheias começaram há dois meses, e o número de regiões afectadas não parou de aumentar devido à persistência das chuvas; 27 das 77 províncias do país continuam inundadas. A estimativa inicial dos estragos, que inclui fábricas e lojas destruídas e terrenos agrícolas inutilizadas, foi de $3bn (baht tailandês), mas esse valor tem vindo a aumentar. O governo tem alertado para a urgência no controlo das cheias durante as 2 últimas semanas.
Yingluck Shinawatra, a Primeira- Ministra da Tailândia desde Agosto, reconheceu que a crise das cheias assolou o seu governo, e apelou à solidariedade do país. Numa conferência de imprensa, a ministra garantiu que o seu governo está a fazer tudo ao seu alcance, tentando perceber também onde as águas poderão voltar a ‘atacar’. “Temos estado a fazer tudo o que podemos, mas trata-se de uma crise nacional”, disse Yingluck. “Estou a pedir misericórdia por parte dos media aqui”.
A questão agora é se Banguecoque será, ou não inundada. Até ao momento, a construção de diques tem afastado a maior corrente de águas da cidade, mas a incerteza mantém-se. Aparentemente, algumas mensagens sobre a previsão do tempo, dadas por oficiais, causaram dúvidas na população. “Fico confuso cada vez que ouço um aviso do governo”, disse Somjai Dokkam, um trabalhador de 51 anos de Bang Kradee, a norte de Banguecoque, cuja casa ficou inundada na quarta-feira.
A juntar à descontinuidade da informação pública, Sukhumbhand Paribatra, do partido rival, tem vindo a dizer que a cidade enfrenta ameaça de cheias ao mesmo tempo que o governo procura acalmar a população, dando confiança de que o sistema utilizado irá aguentar. Em Banguecoque, grupos populares juntaram-se para alargar os canais e fortalecer as barreiras contra a água.
Os monumentos e os templos listados pela Unesco, na cidade histórica de Ayutthaya, encontram-se submersos há vários dias, correndo o risco de estragos permanentes.
As autoridades aconselharam a população das cidades a norte de Banguecoque a transferir os seus bens para locais mais seguros.