A justiça da Noruega determinou que Anders Behring Breivik, autor confesso dos atentados de sexta-feira de que resultaram 76 mortos, vai ficar detido em isolamento total até 22 de agosto.
Breivik ficará sob custódia um total de oito semanas, até 26 de setembro, mas nas primeiras quatro não terá direito a receber visitas, correio nem terá acesso a notícias.
O norueguês de 32 anos afirmou de forma serena em tribunal que a sua rede que designa de “novos templários” integra outras “duas células” que estão prontas para se juntarem à sua campanha.
O procurador norueguês citado pelo jornal Aftensposten sublinhou que o recurso à nova disposição do código penal, introduzida em 2008, é, para já, apenas uma possibilidade. A intenção é aumentar o tempo máximo de pena para 30 anos.
Até ao momento, as autoridades norueguesas invocaram apenas a disposição do código penal que se refere aos “atos de terrorismo” e que prevê uma pena máxima de 21 anos de prisão.
As autoridades norueguesas planeiam invocar uma disposição do código penal, que pune os “crimes contra a humanidade” com uma pena máxima de 30 anos de prisão, para acusar Anders Breivik.
O balanço dos dois ataques de sexta-feira na Noruega foi revisto em baixa para 76 mortos, anunciou a polícia norueguesa.
O balanço anterior referia 93 mortos.
O número de mortos no tiroteio que visou um encontro de jovens na ilha de Utoya desceu para 68, contra 86 anteriormente avançados, e o do atentado bombista contra a sede do governo subiu de sete para oito, anunciou um responsável da polícia, Oeystein Maeland.
O suspeito afirmou ter agido sozinho, mas na audição optou por se declarar inocente e disse que queria “salvar a Europa do marxismo e que a sua rede integra mais duas células”.
Se ficasse em liberdade, Breivik podia danificar provas; ficará detido durante oito semanas, quatro das quais em isolamento total, acrescentou o juiz.
O reator nuclear experimental na Bobadela e as refinarias da Galp no Porto e em Sines estão na lista de alvos de eventuais ataques identificados por Anders Breivik no âmbito do seu plano para derrubar o multiculturalismo na Europa.
O autor dos atentados de sexta-feira na Noruega publicou na Internet um manifesto intitulado “2083 — Declaração Europeia da Independência”, com 1.518 páginas, em que explica detalhadamente o seu plano anti-multiculturalismo e anti-islamização da Europa, acompanhado por um vídeo no YouTube, entretanto removido
O norueguês de 32 anos apresenta no documento, que diz ter elaborado nos últimos nove anos através de um investimento de 317 mil euros e em colaboração com outros “indivíduos corajosos de todo o mundo”, o que considera a “única solução para os problemas atuais da Europa Ocidental e como a resistência deverá atuar nas próximas décadas”.
O principal suspeito do duplo atentado de sexta-feira na Noruega é um antigo militante de uma formação da direita populista, o Partido do Progresso, a que pertenceu durante sete anos.
O partido pormenorizou que o suspeito, identificado como Anders Breivik Behring pela comunicação social norueguesa, fez parte das suas fileiras entre 1999 e 2006.
O pai do suspeito dos dois ataques disse ter ficado “chocado” ao descobrir a foto do filho em jornais online, noticia a imprensa norueguesa.
“Eu li as notícias na Internet e de repente vi o nome dele e a foto. Foi um choque”, disse o pai de Anders Breivik Behring, que atualmente vive em França, segundo o jornal norueguês Verdens Gang.
O pai, divorciado da mãe do suspeito desde o seu nascimento, disse que perdeu contacto com o filho desde 1995, quando este tinha 15 ou 16 anos, e assegurou não ter qualquer conhecimento das atividades de Behring.