Em 2022, Samuel Rines começou a aperceber-se de que as empresas estavam a aproveitar o ambiente de inflação para adotarem uma estratégia de “preço sobre o volume”. Aceitar menos vendas, mas mais do que compensando isso com preços mais altos. À VISÃO, o responsável económico pela consultora Corbu – especializada no cruzamento entre segurança nacional e mercados financeiros – explica como é que essa tática resultou.
A primeira empresa onde identificaram uma nova tendência foi a Pepsi. O que estava a acontecer?
Queríamos perceber o que as empresas iam fazer para crescer num mundo que tinha acabado de assistir à invasão da Ucrânia e a pressões inflacionistas significativas. Como é que as empresas vão manter as margens e as receitas? Quando há pressões inflacionistas, normalmente as margens não aguentam, porque o consumidor se retrai. Ao ler o comunicado da Pepsi e ao ouvir a conference call, tornou-se claro que eles estavam menos preocupados com o volume de vendas e mais com a capacidade de passar o preço. A Pepsi é um produto em que nem deveria ser possível subir os preços e tinham o volume de vendas estagnado. Começámos a pensar em quem mais estaria a fazer o mesmo. Na Europa, os protagonistas são a Nestlé e a Unilever. “Vamos aumentar preços sem nos preocuparmos muito com o volume de vendas” – tornou-se claro que, se quisesse ser bem-sucedido neste ambiente, tinha de usar essa abordagem. E isso aconteceu de forma transversal.