Há poucos países na Europa em que as famílias tenham um peso tão elevado na dívida do Estado como em Portugal. No final de 2022, entre certificados de aforro, certificados do tesouro e obrigações do tesouro de rendimento variável (títulos de dívida do Estado direcionados para o retalho), as famílias tinham €35 869 milhões de euros aplicados, o que corresponde a cerca de 12,5% do total da dívida direta do Estado, segundo cálculos da VISÃO baseados nos dados mais recentes da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP). Apesar da corrida às subscrições de certificados de aforro, a proporção de dívida detida pelas famílias tem registado uma descida ligeira nos últimos meses, devido sobretudo ao vencimento de algumas séries de OTRV. Em 2022, foram amortizados €3 500 milhões desses instrumentos e, no ano anterior, tinham chegado à maturidade outros €3 450 milhões. Existe ainda uma série de OTRV ativa, com um valor de €1 000 milhões.

Esses reembolsos levaram a que o peso das famílias na dívida direta do Estado baixasse de 14% para os atuais 12,5%. Ainda assim, olhando para os dados mais recentes do Eurostat relativos ao final de 2021, Portugal é o segundo país da Zona Euro onde as famílias têm um maior peso na dívida do Estado, superado apenas por Malta, que tem uma proporção de quase 16%. No top das economias em que as famílias mais pesam na dívida pública estão ainda Irlanda e Itália, com um peso de 10,3% e 6,3%, respetivamente. Já em Espanha e na Alemanha, o peso do investimento direto dos particulares é residual.