Solução sem custos para os contribuintes. Tem sido uma das frases mais frequentes de governantes e supervisores quando se fala de injeções de capital no Novo Banco. Mas essa tese está longe de ser consensual e a fatura com o banco que surgiu dos escombros do BES tem aumentado quase todos os anos. Recentemente, o Fundo de Resolução, entidade que faz parte do perímetro orçamental e dessa forma tem impacto nas contas públicas, injetou mais 317 milhões de euros no Novo Banco. A conta vai já em quase 8,2 mil milhões de euros, valor que equivale a cerca de metade do poder de fogo do Plano de Recuperação e Resiliência.
Apesar de o novo desembolso já ter sido feito, o cheque final deste ano ainda não está fechado. O Novo Banco poderá receber ainda mais 112 milhões, aumentando a injeção de 2021 para 429 milhões de euros. Isso está dependente de uma “averiguação suplementar” para perceber se o banco controlado pela Lone Star tem ou não direito a essa parcela. E mesmo com a previsão de que este seja o ano em que o banco irá regressar aos lucros – os dados do primeiro trimestre foram animadores –, ainda existe a possibilidade de, em 2022, pedir um novo cheque. Isto depois de ter tido prejuízos acumulados de 8,3 mil milhões de euros desde que foi criado em 2014, muito à custa de ativos herdados do antigo BES. As injeções de dinheiro têm sido justificadas com o objetivo de se preservar a estabilidade do setor financeiro português, mantendo os rácios de capital do banco à tona. Além disso, o comprador do Novo Banco tem utilizado um mecanismo que lhe permite ser compensado pelos ativos tóxicos que estavam no balanço da instituição.
