Conhecida por ser um dos maiores grupos de distribuição de moda do mundo, em Portugal com oito marcas comerciais (Zara, Pull & Bear, Massimo Dutti, Bershka, Stradivarius, Oysho, Zara Home e Uterqüe), a Inditex passou do prejuízo de quase 70% em 2020 ao lucro. O conglomerado de empresas têxteis espanhol já conseguiu reverter a situação e está a vender mais do que antes da pandemia: entre 1 de maio e 6 de junho de 2021 faturou o dobro (102% a mais) do que no mesmo período do ano passado (já em plena pandemia e confinamento) e 5% acima do que entrou nessas mesmas semanas em 2019. Apesar de ainda existirem algumas restrições e limitações à atividade comercial, esta melhoria acontece sem levar em conta as variações, favoráveis ou não, do valor das moedas dos mercados em que atua.
Embora estes dados correspondam ao início do segundo trimestre do seu exercício fiscal, a melhoria já se fez sentir nos primeiros meses do ano, quando entre fevereiro e abril obteve lucros de €421 milhões, conforme reportado à Comissão Nacional do Mercado de Valores.
Sem contar 2020 – quando fora registadas as primeiras perdas da história da empresa, no valor de €409 milhões – estes €421 milhões de ganhos são os menores num primeiro trimestre desde há oito anos. “O movimento nas lojas melhora a cada semana. Os resultados do primeiro trimestre do ano mostram uma recuperação forte e progressiva, apesar do contexto ainda difícil”, analisa Pablo Isla, CEO da Inditex, citado pelo jornal El País.
As vendas nesses três meses cresceram 49,6% face a 2020, atingindo €4 942 milhões, depois de 2020 ter fechado com um lucro de €1 106 milhões, 69,6% menos do que em 2019. Atualmente, a faturação já está apenas 16,6% abaixo do mesmo período do nível pré-pandemia.
A empresa continua com sua estratégia de fechar pequenas lojas (takeovers, como lhes chama) sem a capacidade de se adaptar e integrar as lojas físicas e digitais num mesmo espaço. A empresa contava nos primeiros três meses do ano com 6 758 lojas em 96 mercados, ou seja, 71 estabelecimentos a menos do que no final do exercício de 2020 e 654 a menos do que tinha no primeiro trimestre de 2020. Em simultâneo, as vendas online cresceram 67%, acima do registado no mesmo período do ano passado em confinamento total (+ 50%). “É uma parte relevante das nossas vendas e vai continuar a sê-lo. É um elemento-chave da estratégia e tem muita influência na melhoria da margem bruta, no baixo nível de promoções que temos tido e na forma como gerimos a empresa ”, explica Pablo Isla.
Estes bons resultados são apresentados na mesma altura em que o histórico Ramón Reñón deixa a Inditex após quase 30 anos no grupo, onde começou a trabalhar em 1992 como chefe das áreas de expansão e imobiliária. O atual vice-diretor geral da Inditex renuncia de forma voluntária e encerra uma carreira profissional em cargos de responsabilidade na empresa espanhola, deixando o cargo para o presidente executivo.