“Para o mercado doméstico, temos usado este método desde 1991. Ainda não sabemos o número de modelos afetados”. Foi desta forma que Ryugo Nakao, vice-presidente da Mitsubishi Motors, reconheceu esta terça-feira, 26 de abril, numa conferência de imprensa em Tóquio, Japão, que a empresa manipula os testes de combustível há 25 anos.
Cerca de 625 mil veículos terão sido afetados. Desses, 157 mil serão da própria Mitsubishi (como o eK Wagon e o eK Space) e 468 mil são carros produzidos para a Nissan, caso dos modelos Dayz e Dayz Roox.
O escândalo rebentou a semana passada, quando a Mitsubishi se viu forçada a reconhecer que os seus funcionários alteravam resistência de rolamento – por via da pressão de ar dos pneus -, durante os testes para avaliar o consumo de combustível.
Dessa forma, os resultados dos testes de eficiência beneficiavam os veículos produzidos pela empresa, enganando os consumidores e levando-os a pensar que o consumo daqueles veículos era entre 5 a 10% mais eficiente do que sucedia na realidade.
Esta manipulação é diferente daquela que a Volkswagen levou a cabo. A construtora alemã instalou um software secreto nos seus modelos diesel, que detetava quando estava a ser feito um teste de emissão de gases, fazendo com que essa emissão baixasse.
Assim, enquanto a Volkswagen queria que os seus veículos parecessem mais “verdes”, a Mitsubishi pretendia criar uma imagem de marca “menos gastadora” – boa para a carteira e, já agora, boa para o ambiente.
Não é a primeira vez que a marca japonesa é acusada de conduta imprópria. No início deste século, a empresa reconheceu que mentiu, durante décadas, sobre os defeitos encontrados nos seus veículos, encobrindo-os ou reparando os carros secretamente, sem dar conhecimento, como é de lei, ao ministro dos Transportes.
Agora, vem a público esta manipulação, que a empresa garante ter acontecido apenas no Japão. Em comunicado, a Mitsubishi Motors Portugal referiu que “neste momento e, tendo em conta a informação de que dispomos, nenhum dos modelos comercializados e homologados no mercado português e europeu está afetado pelo referido problema”.
Desde que a revelação do escândalo, a empresa já desvalorizou 50% em bolsa, valendo hoje metade do que valia há uma semana.