A Douro Azul, de Mário Ferreira, foi a vencedora do concurso para um lugar de acostagem de navios-hotel na margem ribeirinha do Porto, junto ao muro do cais da Alfândega. A decisão da APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, que estava ‘encalhada’ desde julho, surgiu na sequência do trabalho da VISÃO – ver Guerra no Cais – face às queixas da empresa australiana Scenic – Luxury Cruises & Tours, que prevê entrar no negócio de turismo fluvial no Douro a partir de meados de Abril.
Em 2014, a Scenic apresentou uma manifestação de interesse junto da APDL para utilização de um lugar de acostagem, para atracar o navio encomendado aos estaleiros de Viana do Castelo, com 48 cabines de passageiros e mais 17 para tripulantes. Depois de aberto o concurso, a Scenic, que ofereceu 5 500 euros mensais, viu-se confrontada com a concorrência da Douro Azul, que ofereceu 25 mil euros mensais.
Ganhou a proposta mais alta. Mas a empresa australiana vai agora optar pelo direito de preferência e igualar a proposta da Douro Azul. A licença, a atribuir por dez anos, terá de ser emitida pela APDL até fevereiro do próximo ano. Só então a Scenic poderá dar início á construção do cais.
Local em dúvida
Mas a história poderá não ficar por aqui. Não é ainda claro que se possa construir naquele sítio, apesar de a Scenic defender que não teve qualquer indicação contrária: “Quem nos pediu que fizéssemos a manifestação de interesse e nos indicou os locais disponíveis [para os respectivos cais] foram o Dr. Joaquim Gonçalves do IPTM – Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos e o Engº [João Pedro] Braga da Cruz, da APDL. Nunca, em qualquer reunião ou conversa nos foi manifestada qualquer impossibilidade ou de a nossa entrada poder vir a ser travada”, reforçou à VISÃO Maria Andrada, directora geral da empresa australiana em Portugal.
Questionada sobre estas suspeitas, a APDL limitou-se a responder que “à data de lançamento do concurso não foram verificadas evidências de impedimentos à instalação do solicitado lugar de acostagem”. Mas admitiu que uma das razões porque os prazos do concurso foram sendo constantemente dilatados foi porque “houve necessidade de solicitar pareceres a entidades externas”. A VISÃO sabe que uma delas foi à Refer, a quem pertence o local previsto para o novo cais, atualmente utilizado em parte por um parque de estacionamento camarário.
Também o Plano de Desenvolvimento do Vale do Douro foi parcialmente aprovado. Daí que seja a APDL a assumir os custos de construção das infra-estruturas a serem construídas até ao Alto Douro, nomeadamente no Pinhão. Contando também com fundos comunitários, este Plano receberá mais de 70 milhões de euros para ordenamento, construção de cais de acostagem, segurança, melhoramento e alargamento da via navegável.