Depois de ter sido constituído arguido em três processos, dois judiciais – Caso Monte Branco e Universo Espírito Santo – e um de contraordenação do Banco de Portugal, Ricardo Salgado tem ainda pela frente uma longa maratona jurídica que poderá demorar vários anos. Para além destes, estão a decorrer “mais quatro inquéritos autónomos e 73 inquéritos apensos a um destes” ligados à investigação Universo Espírito Santo, segundo informou a Procuradoria-Geral da República. Também o Banco de Portugal está a preparar outros quatro processos de contraordenação, que poderão dar direito a multas e inibição de exercer cargos em empresas financeiras.
OS PROCESSOS DE RICARDO SALGADO
São três os casos em que o ex-líder do BES já foi constituído arguido
- UNIVERSO ESPÍRITO SANTO
O CASO
É uma megaoperação dirigida pelo Ministério Público para investigar alegadas irregularidades e ilícitos criminais na gestão do Banco Espírito Santo. Para este caso foi constituída uma equipa multidisciplinar que envolve magistrados do DCIAP, a Polícia Judiciária, a Autoridade Tributária e os reguladores, Banco de Portugal e CMVM
OS ENVOLVIDOS
São seis os arguidos neste caso. Ricardo Salgado, José Castella, responsável pela área financeira do Grupo, Pedro Luís Costa, administrador da Espírito Santo Activos Financeiros, Cláudia Boal de Faria, chefe do departamento de Gestão de Poupança, Isabel Almeida, diretora financeira e de mercados, e António Soares, administrador da Seguradora BES Vida
AS CONSEQUÊNCIAS
As suspeitas que recaem sobre os arguidos são relativas a crimes de fraude fiscal, branqueamento de capitais, burla qualificada, falsificação de documentos, falsificação informática, corrupção no setor privado e abuso de confiança. Ricardo Salgado ficou em prisão domiciliária enquanto aguarda julgamento
- ‘MONTE BRANCO’
O CASO
A operação Monte Banco é uma investigação iniciada em 2011 a casos de corrupção e branqueamento de capitais que passava por uma empresa suíça, a Akoya. O dinheiro tinha origem em Portugal, ia para a Suíça, era depois transferido para agências do BPN de Cabo Verde e voltava posteriormente a Portugal
OS ENVOLVIDOS
Ricardo Salgado fez aplicações financeiras na Akoya. Desse dinheiro, 14 milhões de euros eram provenientes de Angola, uma verba que lhe tinha sido oferecida pelo empresário José Guilherme a troco de conselhos para investir naquele país
AS CONSEQUÊNCIAS
Ricardo Salgado foi constituído arguido e ficou com termo de identidade e residência, impedido de sair do País. O gestor teve de pagar uma caução de 3 milhões de euros, enquanto aguarda julgamento e é acusado de crimes de branqueamento de capitais, falsificação, burla e abuso de confiança
- INVESTIGAÇÃO DO BANCO DE PORTUGAL
O CASO
Após ter sido detetado um buraco de 1,2 mil milhões de euros na Espírito Santo Investiments, no Luxemburgo, o banco central dá início a uma auditoria forense, que envolveu, para além de técnicos do próprio banco, uma série de consultores, fiscalistas e juristas, a todo o grupo Espírito Santo.
OS ENVOLVIDOS
Para além do líder do BES, estão ainda indiciados mais 14 antigos quadros do Grupo, entre os quais quatro membros da família: José Manuel Espírito Santo, Manuel Fernando Espírito Santo, Ricardo Abecassis Espírito Santo e José Maria Ricciardi (este último por negligência)
AS CONSEQUÊNCIAS
Este é o primeiro processo de contraordenação movido pelo Banco de Portugal. Para lá das multas, os envolvidos poderão ainda ficar inibidos de exercer cargos em empresas financeiras. Salgado é acusado de gestão ruinosa e prestação de informação falsa. Carlos Costa já revelou que o Banco de Portugal tem mais quatro processos em curso