Os marchadores, juntamente com Salomé Afonso, que competirá nos 1.500 metros, são o último grupo de atletas olímpicos a viajar para o país asiático e falaram à agência Lusa num espaço do Comité Olímpico de Portugal (COP) no aeroporto de Lisboa.
João Vieira vai encontrar condições semelhantes às do Campeonato do Mundo de Doha, em 2019, onde ficou na segunda posição, mas o atleta do Sporting acredita que os seus adversários, desta vez, estão prevenidos para o calor e humidade do Japão.
“Em Doha foi um campeonato de surpresa, pois ninguém sabia as condições que íamos apanhar. Eu trabalhei para elas. Este ano, voltei a trabalhar igualmente nas mesmas condições, agora para Sapporo, mas, desta vez, os meus adversários já vão certamente prevenidos para as condições que vamos apanhar”, realçou o algarvio, de 45 anos.
Depois de ser 10.º em Atenas2004, 35.º em Pequim2008, 11.º em Londres 2012 e 31.º no Rio2016, em 20km marcha, não tendo terminado, nas duas últimas edições, a prova de 50km, aos quais se junta uma ausência, devido a doença, em Sydney2000, para o qual também se apurou, João Vieira parte agora para a sua sexta experiência olímpica.
“O meu objetivo na prova é fazer o melhor possível naquele dia. É isso que vou fazer, dar tudo o que tenho no circuito. Depois, é desfrutar do resto e dar apoio aos colegas, se puder ser”, sublinhou o recordista nacional nas duas distâncias de marcha.
Apesar de considerar que irá ser “uma luta de igual para igual” entre todos os atletas, João Vieira pretende apenas focar-se em si mesmo: “A minha ambição, quando entro para as provas, é para dar o melhor de mim. Costumo dizer que o meu adversário sou eu próprio e, por isso, vou lutar contra mim, com todas as minhas forças.”
Ana Cabecinha, de 37 anos, propõe-se a fazer melhor do que o sexto lugar alcançado no Rio2016, já superando os registos de Pequim2008 e Londres2012, onde foi oitava.
“A preparação correu bem, sem nenhum problema físico. Tudo isso ajuda a que a motivação esteja ainda mais elevada. Com estas condições e com o tempo que vamos apanhar, tudo é possível. O que interessa é lá estar e, se estiver no momento certo, tudo pode acontecer”, disse à Lusa a atleta alentejana do Clube Oriental de Pechão.
Para tal acontecer, Ana Cabecinha precisa apenas de “ter cabeça e competir de trás para a frente”: “Sei que na parte final, se tiver juízo, irei estar nos lugares da frente.”
Tal como João Vieira, a atleta preparou-se de forma idêntica do que para os Mundiais de Doha, com o auxílio da Universidade de Coimbra, treinando numa câmara que simula o calor e a humidade de Sapporo, cidade no norte do Japão, a mais de 1.000 quilómetros de Tóquio, para onde foram desviadas as provas de marcha e maratona.
Já Salomé Afonso, a fazer a estreia em Jogos Olímpicos, sente “muita felicidade, muito orgulho e, sobretudo, muito entusiasmo para o que se avizinha”, embora confidencie que só vai cair em si quando a sua prova (1.500 metros) tiver início na capital japonesa.
“A prova dos 1.500 metros é sempre uma prova extremamente tática. É isso que espero, desta feita com as melhores atletas do mundo, sempre com um nível considerável. Portanto, acho que o mais importante é ter sempre isso em consideração e estar preparada para todos os estímulos e saídas de cada atleta”, explicou à Lusa.
A atleta do Sporting, de 23 anos, é 44.ª do ‘ranking’ mundial e vai com o objetivo de estar ao melhor nível: “Quero chegar lá, sentir que estou no meu melhor momento de forma possível e também conseguir estar à altura dos desafios deste tipo de provas.”
Salomé Afonso entra em ação nas eliminatórias dos 1.500 metros femininos na segunda-feira, com as meias-finais agendadas para a próxima quarta-feira e a final para o dia 06 de agosto, dia em que João Vieira, nos 50km marcha masculinos, e Ana Cabecinha, nos 20km marcha femininos, fazem as suas provas, na cidade de Sapporo.
Os Jogos Olímpicos Tóquio2020 tiveram início na sexta-feira e decorrem até ao dia 08 de agosto, depois do adiamento em um ano devido à pandemia de covid-19.
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