Com a chegada dos oitavos-de-final, parece que o Mundial deixou de ter surpresas. Depois de uma fase de grupos em que equipas como a Alemanha, Bélgica, Dinamarca e Uruguai ficaram pelo caminho, a chegada dos jogos a eliminar parece ter acabado com as veleidades dos menos favoritos. Um a um, Holanda, Argentina, Inglaterra, França, Croácia e Brasil impuseram o seu estatuto e deixaram para trás, respetivamente, Estados Unidos, Austrália, Senegal, Japão e Coreia do Sul. Resta pois, perceber, se a Espanha cumpre o seu papel de favorito e consegue ultrapassar, no primeiro jogo desta terça-feira, a seleção de Marrocos.
No caso do Portugal – Suíça, a situação é diferente. Em primeiro, porque é, claramente, o jogo mais equilibrado desta fase, não se podendo atribuir um claro favoritismo a nenhuma das equipas. Em segundo lugar porque, se formos falar de possíveis surpresas, neste jogo, a grande expectativa passou a ser a de saber o que vai Fernando Santos fazer depois de ter admitido, finalmente, que não gostou “mesmo nada” do comportamento do seu capitão de equipa, no último Portugal – Coreia do Sul.
Na conferência de imprensa de antevisão ao jogo, o selecionador nacional continuou a garantir que está tudo bem no seio do grupo de trabalho, que estão todos focados apenas em ultrapassar a Suíça e que mesmo o caso da saída do capitão de equipa já tinha sido resolvido “dentro de casa”. O caso foi dado por “terminado”, embora se tenha percebido o manifesto incómodo do selecionador, a quem, na última sexta-feira, tinha cabido o papel de ser o primeiro a vir defender Cristiano, com aquela história de que ele estava era zangado com um adversário. Não se ficou a perceber se foi alguém na tão afamada máquina de comunicação da seleção que se terá esquecido de contar tudo ao selecionador e o deixou vir a público defender o indefensável, ou se foi o próprio Fernando Santos que, sem saber que as imagens eram indesmentíveis, tentou vir, sem sucesso, como se percebeu, estancar um caso logo à nascença e poupar, uma vez mais, o seu jogador. Certo é que o selecionador ficou numa posição muito incómoda e que, talvez em função disso, tenha falado, ontem, de forma suficientemente ambígua para que não se consiga perceber se Cristiano Ronaldo vai entrar de início no jogo decisivo de amanhã.
Numa fase em que o avançado português continua a demonstrar estar muito longe da sua melhor forma e em que pouco ou nada tem feito para ajudar a equipa dentro campo, talvez possamos estar perante a primeira e grande surpresa dos oitavos-de-final do Mundial: ver aquele que, a acreditar no jornal Marca, vai passar a ser o jogador com o maior salário de sempre (500 milhões de euros em dois anos e meio) a começar o jogo no banco de suplentes. Seria como Fernando Santos lançasse uma bomba atómica!