O fim de uma relação de seis anos levou-a a isso. O horror do nada, do vazio depois de tanto tempo a dois. E a culpa. O que é que ela tinha feito de errado? O que deveria mudar para não voltar a sofrer desta maneira?
“Acreditei profundamente que, se não me transformasse numa mulher mais desejável, nunca mais ia ser feliz. Então, comecei a descartar tudo o que definia o meu velho “eu” – coisas que fazia, dizia e, até, acreditava – para agradar a potenciais parceiros românticos”, escreve Hsin Wang na apresentação de De-Selfing, uma série de imagens que representam visualmente o que é isto de ficarmos com o coração partido.
Foi o que esta fotógrafa natural de Taiwan, a viver em Brooklyn, nos Estados Unidos pensou de início. Depois, decidiu levantar-se do chão, dar um passo em frente, aprender a reinventar-se na dor. E avançou com De-Selfing, um projeto que acabaria por ser uma catarse, como esperava. Não era a primeira vez que visualizava as suas histórias pessoais através da fotografia.
Em De-Selfing, os sentimentos de Hsin Wang surgem simbolicamente com a ajuda de amoras, um pano espremido, dois ovos, dois cones de gelado. Um homem e uma mulher de costas ou embrulhados em película transparente, sem ar. Uma mulher só, magoada.
São imagens cheias de dor, que nos impressionam. Mas são o resultado de uma viagem que a fotógrafa olha como necessária. “De-Selfing tem sido um processo terapêutico para mim. Desde que comecei este projeto, reganhei confiança e consigo ouvir novamente a minha voz.”