A Câmara de Lisboa decidiu quarta-feira, em reunião do executivo municipal, pedir explicações urgentes à direcção da APEL sobre a instalação de novos modelos de pavilhões na Feira do Livro, nomeadamente do grupo Leya. Segundo a Câmara, a APEL recusou a instalação dos pavilhões depois de se ter comprometido a aceitá-los. “Dessa resposta, necessariamente urgente, retirará a Câmara Municipal de Lisboa as consequências legítimas que se impõem como corolário de todo este processo”, afirma a autarquia. Segundo a Câmara, as reuniões promovidas pela autarquia entre a APL e a UEP (União dos Editores Portugueses), que representa o grupo Leya, no final de Janeiro e início de Fevereiro – mediadas pelo presidente da autarquia, António Costa (PS), e pela vereadora da Cultura, Rosália Vargas (PS) – “apontaram para a possibilidade de conseguir alcançar uma plataforma de entendimento” entre as duas associações. Esse entendimento passava por “não alienando a sua exclusiva responsabilidade na organização da Feira, a APEL acolher as inovações propostas pela UEP, designadamente novas propostas de layout para a implantação dos stands e novos designs dos próprios stands”. Segundo a autarquia, “foi a garantia deste compromisso” que esteve na base do despacho em que a vereadora da Cultura, Rosália Vargas, que atribui à APEL a organização da Feira de Livro. A APEL acusa o director municipal da Cultura de só servir “os propósitos empresariais do grupo Leya” e menosprezar “os interesses comuns e gerais do mundo editorial português, representado maioritariamente” na Feira do Livro de Lisboa. A acusação consta de um comunicado enviado à agência Lusa esta noite. A Associação começa por afirmar que “os trabalhos de montagem da Feira do Livro de Lisboa foram inesperadamente suspensos”, quarta-feira de manhã, “nos termos de uma decisão verbal do Senhor Director Municipal de Cultura, que não foi fundamentada nem formalizada até este momento”. Os editores e livreiros dizem não compreender a decisão do director municipal de Cultura “que só serve os propósitos empresariais do grupo Leya e menospreza os interesses comuns e gerais do mundo editorial português representado maioritariamente na feira, já que a associação salvaguardou todos os requisitos impostos pela Câmara Municipal de Lisboa para a cedência do espaço e para o apoio a este evento”. Esses requisitos eram, diz a Associação, a “dinamização massiva do mundo editorial português, incluindo a maioria dos editores associados da UEP, traduzido na presença de um número de participantes maior que em 2007” e a “entrega de layout da Feira dentro dos prazos e nos termos determinados pelos responsáveis municipais”. Admitindo que a situação “compromete a realização da feira”, a direcção da Associação “manifesta a sua estranheza e incompreensão em face dos graves inconvenientes, transtornos e prejuízos para os editores portugueses e relativamente aos quais declina, desde já, qualquer responsabilidade moral ou económica”.
Feira do Livro em risco
A realização da Feira do Livro pode estar comprometida. A Câmara de Lisboa suspendeu os trabalhos de montagem do evento e está a ponderar a retirada do subsídio com que habitualmente apoia o certame
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