Em entrevista em junho, divulgada agora pelo canal dinamarquês de televisão TV2, o especialista da OMS em doenças transmitidas de animais para humanos (doenças zoonóticas) admitiu que “uma das hipóteses prováveis para a origem do vírus é a de um funcionário do laboratório de Wuhan ter sido infetado ao colher amostras de morcegos no terreno”, acrescentando ainda que, assim sendo, “a transmissão teria começado num técnico de laboratório e não num cidadão comum ao lidar com morcegos”.
O relatório da missão da OMS realizada no início do ano, publicado em abril, apontou quatro possíveis origens do vírus SARS-CoV-2, salientando que era “extremamente improvável” ter sido um acidente de laboratório. Na altura, a mais provável era de que o vírus tinha passado de animais para humanos, tendo acrescentado que a transmissão por meio de produtos alimentares era possível, mas improvável.
Embarek, líder da missão, destaca que, embora a OMS não tenha encontrado provas diretas de que o surto de Covid-19 esteja relacionado com alguma pesquisa daquele laboratório chinês, tendo em conta que a equipa apenas conseguiu consultar alguns documentos durante a investigação, esta hipótese tinha sido deixada em aberto.
A OMS, que tinha pedido uma próxima fase de estudos mais aprofundados, no mês passado, pediu agora “espaço” para continuar a investigação após a China ter recusado que a próxima fase do estudo se realize no seu território. “As conclusões e as recomendações do relatório conjunto foram reconhecidas pela comunidade internacional e pela comunidade científica”, declarou o vice-ministro chinês das Relações Exteriores, Ma Zhaoxu, na última sexta-feira.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da OMS, sublinhou, que esta possibilidade não vai ser descartada numa fase tão “prematura”, pedindo que a China seja “transparente e aberta” e forneça os dados brutos dos primeiros dias da pandemia. “Para poder examinar a ‘hipótese do laboratório’, é importante ter acesso a todos os dados”, salientou, citado pela France24.
“Os países têm a responsabilidade de trabalhar juntos e com a OMS num espírito de cooperação, de forma que os cientistas tenham a possibilidade de compreender a origem do vírus e desta pandemia”, salientou Tarik Jasarevic, citado pela Lusa, em julho.