Apesar de Rui Rio ter criticado a maçonaria e de ter garantido que ela promovia “interesses obscuros” dentro do PSD, o homem que escolheu para fazer a sua comunicação é maçon. João Tocha foi iniciado no Grande Oriente Lusitano (GOL), a mais antiga obedicência, onde pertence à Loja Lusitânia.
À VISÃO João Tocha admite que é maçon desde 1991, mas garante que nunca falou do assunto com o líder dos sociais-democratas. “Nem eu admito que se entre nesses campos. Nunca escondi que pertenço à maçonaria, e não escondo, mas não vamos misturar as coisas”.
Numa clara indireta aos seus adversários, Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz, que já tiveram ligações mais próximas com a maçonaria, Rui Rio disse recentemente que dentro do partido existem “interesses secretos, obscuros, pouco transparentes”. E depois, à margem de um encontro com militantes do distrito de Aveiro, admitiu estar a referir-me à maçonaria. A organização à qual pertence afinal o homem que escolheu para o ajudar a vencer aos adversários, que participaram em sessões da maçonaria, mas no caso à Grande Loja Legal de Portugal (GLLP).
João Tocha conta que entrou na maçonaria em 1991. Entre os “irmãos” qu passaram pela loja que intrega, a Lusitânia, apurou a VISÃO junto de fontes maçónicas, encontram-se várias personalidades políticas, como, por exemplo, o eurodeputado Carlos Zorrinho, o homem que foi secretário de Estado da Justiça de José Sócrates Conde Rodrigues ou o antigo bastonários dos Médicos Germano de Sousa. O maçon que atualmente lidera as reuniões da sua loja (a que os maçons chamam de venerável mestre) é António Santos Luíz, que chegou a ser vice-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
As declarações de Rio não caíram bem no seio da maconaria, mas João Tocha diz compreender: “É natural, se o dr. Rui Rio sente que há qualquer coisa de errado, que o diga. Eu não misturo conceções filosóficas com política partidária, se não, não estaria na Maçonaria, estariam num partido a militar”. O consultor em comunicação continua: “Não me incomodam nada estas declarações, percebo onde ele quer chegar. O dr. Rui Rio sente que há estruturas organizadas, que há planos para minar… mas isso não é a Maçonaria. Nas lojas, há uma máxima que é a de ser proibido tratar política partidária e eu cumpro à risca essa máxima.”
João Tocha trabalhou na comunicação de Rui Rio desde os tempos da Câmara Municipal do Porto. No inicio deste ano, foi contratado para fazer a comunicação de Rio, que agora é candidato à liderança do PSD. Começou, recorda, a fazer assessoria dias antes de Luís Montenegro ter lançado o desafio ao Rio para que colocasse a liderança à disposição. O que acabou na primeira derrota de Montenegro.
Com a maçonaria no centro da campanha para a liderança do PSD, João Tocha admite que pode haver quem use indevidamente a instituição. “Nesta discussão, não podemos confundir a árvore com a floresta. Como em todas as organizações, há galhos podres que podem minar as instituições. Há na política como há nas polícias, nos clubes de futebol, até já Igreja ou no jornalismo”.