Face às condições gravitacionais no espaço, muitas pessoas se questionam sobre a forma como os astronautas lidam com as suas necessidades durante as missões. O astronauta Tim Peake fez até um vídeo, a bordo da Estação Espacial Internacional, onde explica esta aparentemente complicada tarefa mas que, segundo o próprio, é, na verdade, muito simples. No vídeo, Tim Peake mostra os vários aparelhos que utilizam, como funis e tubos, e diz que o grande truque é o fluxo de ar, que permite que os resíduos sejam sugados para um local próprio e que não fiquem a flutuar pela estação.
Desvendado o mistério, importa também dizer que, quando os astronautas têm de vestir os fatos espaciais para missões fora das naves com uma duração entre oito e 12 horas, são obrigados a utilizar fraldas.
Mas a NASA pretende enviar os astronautas para lugares mais profundos no espaço e, para que isso possa acontecer, têm de ser reunidas condições de higiene suficientes. Foi por isto que a NASA lançou, em outubro de 2016, o Space Poop Challenge, um desafio que procura, de acordo com a agência, propostas de soluções de sistemas fecais, de urina e menstruação a serem utilizados pela tripulação, durante missões até 144 horas (mais ou menos seis dias).
O vencedor da competição e do prémio de 30 mil dólares foi conhecido a 15 de fevereiro. Chama-se Thatcher Cardon, é um cirurgião e oficial da US Air Force e criou o MACES Perineal Access & Toileting System (M-PATS), um sistema que contempla a inserção de um compartimento na parte inferior do fato espacial, com um pequeno buraco, de forma a permitir que os astronautas consigam inserir e remover fraldas expansíveis e roupa interior.
“Pensei o que é que eu sabia sobre cirurgias menos invasivas, como a laparoscopia ou a artroscopia ou ainda as técnicas endovasculares que se utilizam em cardiologia – eles [os médicos] conseguem fazer coisas surpreendentes através de aberturas muito pequenas. Quer dizer, se eles conseguem, agora, substituir válvulas cardíacas através de cateteres nas artérias, então é possível lidar com um pouco de cocó”, disse, brincando, Thatcher Cardon, ao NPR, acerca do processo que o fez chegar a esta solução vencedora.