Perante a previsível chegada de um novo Governo, liderado por António Costa, o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, vai já enumerando, em declarações à VISÃO, as “linhas” que a instituição considera “fundamentais” para uma transformação da política de Saúde. Em primeiro lugar, avança que o orçamento anual do Serviço Nacional de Saúde (SNS) deve receber mais 0,5% do PIB, para, “pelo menos”, se situar na “média dos países da OCDE”. Contas feitas, esse aumento equivale a mais €800 milhões, e a uma subida de 8,8% face aos €9,1 mil milhões do orçamento do SNS para 2015.
Este acréscimo no financiamento anual entronca também, na perspetiva do bastonário José Manuel Silva, em “auditorias transparentes” ao funcionamento do SNS e às respetivas estatísticas, que “nenhuma entidade independente certifica”. Esta é uma velha batalha do bastonário dos médicos, segundo o qual o Ministério da Saúde tem divulgado indicações favoráveis do SNS, mas enganosas no confronto com a realidade.
José Manuel Silva repisa ainda a “aposta nos cuidados primários”, garantindo “um médico de família a cada cidadão”. Alude igualmente a um “planeamento rigoroso da Carta Hospitalar, Cuidados Continuados e Cuidados Paliativos”. Outra prioridade referida pelo bastonário dos clínicos é a de “estancar a saída de profissionais do SNS, com melhoria das condições de trabalho e remuneração, valorização das carreiras médicas e planeamento adequado dos recursos”.
Especializado em Medicina Interna, José Manuel Silva espera também que haja “capacidade de diálogo com as organizações representativas da sociedade e dos doentes”.