Após a invasão do Afeganistão, Osama Bin Laden foi forçado a fugir da cidade onde morava desde 1997, Kandahar. Muitos edifícios foram evacuados à pressa e, entre eles, o do Ministério das Relações Exteriores dos talibãs, onde uma família afegã encontrou 1500 cassetes, que vendeu a uma loja.
Um operador de câmara da CNN, Flagg Miller, especialista em literatura e cultura árabe da Universidade da Califórnia, conseguiu convencer o dono da loja a entregar-lhe as gravações, com o argumento de que poderiam conter algo importante. E continham mesmo.
A voz do ex-líder da Al Qaeda aparece pela primeira vez numa gravação de 1987 de uma batalha entre combatentes afegãos e forças soviéticas.
A coleção inclui discursos de Bin Laden nos final dos anos 1980 e início dos 1990 perante públicos na Arábia Saudita e no Iémen. Bin Laden falava sobre as ameaças à Península Árabe, mas identificava como o seu principal inimigo os próprios muçulmanos, pela falta de fé. Aos EUA, muito poucas referências.
Mais surpreendentemente ainda, Mahatma Gandhi é citado como inspiração do próprio Osama Bin Laden num discurso em setembro de 1993. Este é também o primeiro discurso da coleção em que Bin Laden incentiva os seus apoiantes a agir contra os Estados Unidos, mas, então, através do boicote aos produtos americanos. “A Grã-Bretanha foi obrigada retirar-se de uma das suas maiores colónias quando Gandhi, o hindu, declarou um boicote contra os seus produtos. Temos que fazer a mesma coisa hoje com os EUA.” ouve-se Bin Laden dizer, na gravação.