Foi vendida esta semana na Art Basel Miami Beach a uma mulher francesa por 120 mil dólares (cerca de 108 mil euros) e chama-se, bem a propósito, “Comedian”. A peça é, simplesmente, uma banana – verdadeira – colada numa parede com uma fita-cola forte cinzenta. É a nova obra de Maurizio Cattelan, o artista italiano que acumula polémicas.
A galeria Perrotin, que comercializa o autor em paris, explica que “cada vez que Cattelan viajava, comprava uma banana e pendurava-a no seu quarto de hotel em busca de inspiração. O artista fez diversos modelos: primeiro em resina, depois em bronze e ainda em bronze pintado antes de voltar finalmente à ideia inicial de utilizar uma banana real”. Banana real essa que, está bom de ver, rapidamente entrará em decomposição, como é próprio do fruto…
Catellan nasceu em Pádua e nunca frequentou escolas de arte. Começou a sua carreira na década de 80 em Forli, na Itália, onde fazia móveis de madeira, e veio mais tarde a entrar na cena artística e do design italiana, primeiro como curador e depois como artista. Hoje vive em Nova Iorque, mas continua ligado a Milão.
Uma das suas obras mais polémicas chama-se “América”. Foi produzida em 2016 para o Museu Guggenheim, em Nova Iorque. A peça é uma crítica explícita a Donald Trump e ao desequilíbrio da distribuição de riqueza nos EUA. No Guggenheim foi utilizada por mais de 100 mil visitantes, mas foi oferecida para usufruto da Casa Branca, quando o presidente dos EUA pediu um quadro de Van Gogh ao museu para decorar a sua casa oficial. A peça lembrava o famoso “Urinol” de Marcel Duchamp, de 1917, conhecido como o primeiro ready-made (uso de objetos industrializados em contexto artístico) da história da arte. A sanita artística de Cattelan foi depois roubada de um museu em Inglaterra, onde esteve exposta.
Outra das suas obras correu mundo e deu que falar durante anos a fio, por onde passou a partir de 2006. “Him” retrata Adolf Hitler de joelhos, e quer representar a presença do mal entre nós. “Este trabalho justapõe a vulnerabilidade do corpo aparentemente inocente de um rapaz com a cara adulta de Adolf Hitler, que é considerado a mais maléfica pessoa do século XX pela sua responsabilidade na morte de seis milhões de judeus no Holocausto e pela morte de milhões de outras pessoas na II Guerra Mundial”, podia ler-se no Museu de Arte Contemporânea de Chicago , onde foi exposta pela primeira vez. Maior repulsa foi quando esta obra foi mostrada ao público no gueto de Varsóvia, na Polónia, ferindo a suscetibilidade dos membros da comunidade judaica. A obra foi arrematada em maio de 2016 por 17,2 milhões de dólares num leilão em Nova Iorque.
Da mesma série fazia parte “A Nona Hora”, uma representação do Papa João Paulo II, que o mostrava caído por terra, abalroado por um meteorito. Foi apresentada em 1997 na Royal Accademy de Londres, e recebeu tantas críticas como elogios.
Qual será a próxima “boutade” artística de Cattelan, eis a questão…