Lisboa tornou-se, há vários anos, uma capital onde é possível experimentar a cozinha de vários países. Sejam receitas autênticas, menus com fusões ou inspirações, provar pratos do outro mundo é uma realidade. E estes cinco novos restaurantes de cozinha do mundo em Lisboa comprovam-no.
Luka Lisboa
Conde Redondo
Há um novo restaurante asiático em Lisboa, com cozinha de conforto encarada com muita modernidade, decoração simples e acolhedora. Chama-se Luka, tem à frente Una Plaude, letã, e João Borges Gonçalves, português, uma dupla de empreendedores que, com outros sócios, tem dois restaurantes homónimos em Banguecoque, cidade onde ambos viveram. Promete, antes de tudo, uma experiência ligeiramente ocidentalizada da Ásia. “Sem desvirtuar sabores, mas com picante suavizado, menos gordura, mais saudável em parte”, explica Una. À cabeça, receitas da Tailândia, claro, mas a olhar para outros países, como o Vietname ou o Japão. Um ponto de encontro asiático no Conde Redondo. “Sentimos que esta zona de Lisboa está a mudar. Há muita cozinha do mundo, bons projetos”, reflete Una, depois de contar que passou largos meses em obras de transformação de uma antiga pastelaria num restaurante onde a madeira está em evidência. “Em Banguecoque temos uma comida mais ocidental, mas com influências asiáticas. Aqui jogamos ao contrário. Pode ser um enclave para os asiáticos virem”, diz. O menu organiza-se em pratos para dividir, sanduíches, bowls, caris e sopas, pratos de wok ou grelha. O que escolher? A tarefa não é simples, mas sugerem-se os croquetes de pato à Pequim com pickles caseiros; a couve-flor crocante, molho General Tso’s, sésamo e amêndoas torradas; o pulled pork bahn mi (servido num brioche); o frango estaladiço em waffle de kimchi; as almôndegas de porco com noodles vermicelli ou um já bestseller, o caril de borrego massaman, servido com arroz aromático tailandês. No Luka são também entusiastas do chá, e têm duas versões de chá gelado especiais, servidas diretamente de um bar onde uma deusa tailandesa está desenhada com a cara de Marilyn Monroe. Cool, no mínimo.
Rua Luciano Cordeiro, 89 / 93 189 8353 / ter-sáb 12h-15h, 19h-22h
Las dos Manos
Bairro Alto
Kiko Martins habituou os portugueses a viajar pelo mundo através das suas criações culinárias, em projetos onde mistura gastronomia com boas histórias. O novíssimo Las Dos Manos, em frente ao Miradouro de São Pedro de Alcântara, não foge à regra. Traz o México na matriz e o Japão em apontamentos (ingredientes, técnicas ou finalizações), em pratos servidos num restaurante com muita onda, para a qual contribuem os dois balcões (com 16 lugares no total), os cocktails e uma banda sonora a puxar os ritmos mexicanos. “Pensei num restaurante mexicano, mas depois meti o Japão pelo caminho”, explica o chefe, numa alusão às duas mãos que dão nome ao espaço. Aberto durante todo o dia, tem um menu onde entram os totopos e o edamame de entrada, seguem-se os tacos, com tortilhas caseiras e o al pastor em destaque – aqui feito com secretos de porco preto, cozinhados no espeto –, mas também o de tempura de camarão black tiger com panko e maracujá; de seguida viaja-se pelos aguachiles, “um primo mexicano do ceviche”, com o caldo feito de sumo de pepino, coentros, jalapeños e sal, de onde se destaca o de lírio e gamba do algarve; há ainda tostadas, exemplo da de barriga de atum, quesadillas e um final digno de amantes de carne, com tonkatsu de barriga de leitão ou uma especialíssima yakitori de kobe. Last but not least, é importante guardar espaço para os churros com doce de leite, milho e granizado de lima e tequilla. Ai, caramba! É tudo servido à lá carte, mas em jeito de roteiro pode optar-se pelo menu de degustação de cinco pratos e uma sobremesa, a €66.70. Não se fazem reservas, por isso é ir com tempo.
Rua São Pedro de Alcântara, 59 / 21 589 7269 / seg-dom 12h-23h30
El Cebichero
Praça das Flores
Os portugueses conheceram os ceviches na última década e a julgar pela sua disseminação nos cardápios do país tomaram-lhe o gosto. Pois o El Cebichero, novo restaurante na Praça das Flores, aberto apenas para jantares, celebra-os de forma série e sólida. A carta é pequena, mas certeira, diretamente proporcional à dimensão do espaço, de apenas 28 lugares, parte deles ao balcão. Faz-se de ceviches e tiraditos (prato composto lâminas de peixe cru), ao qual se junta um tártaro de salmão e um imperdível bao, com peixe e cebola roxa em forma de ceviche, creme de coentros e aji limo (ler: uma deliciosa sanduíche asiática de ceviche). Nos ceviches, destaque para o El Clandestino, com uma mistura de mariscos e peixe branco e creme de coentros e para o Del Huerto, com leguminosas frescas temperadas com suco de ceviche, aji limo e coentros; nos tiraditos, pode provar-se o tuna nikkei, a respeitar a influência japonesa no país sul-americano, com lâminas de atum com molho oriental, limão e aji limo peruano, ou o tiradito peruano, lâminas de peixe branco banhados com creme cítrico de aji amarillo. Para rematar, uma tarte de doce de leite e para regar tudo isto, um obrigatório cocktail, seja ele o clássico pisco sour ou uma margarita. É que além da cozinha, entregue a uma equipa de peruanos que seguem o receituário autêntico do seu país, aqui também se vem para beber um copo e picar um prato. A onda é semelhante ao antigo El Clandestino, no Príncipe Real, que, entretanto, abriu em Cascais e é um irmão mais velho deste El Cebichero lisboeta.
Praça das Flores, 46 / 96 361 1214 / qua-dom 18h-01h
Obicà Mozzarella Bar
Príncipe Real
Obicà é uma palavra usada no dialeto napolitano para a expressão ‘aqui está’. Pegando na ideia, a PRIMA sinaliza que aqui está um mozzarella bar – o primeiro de Lisboa –; que aqui está um restaurante verdadeiramente italiano, com produtos importados diretamente de diferentes regiões de Itália; que aqui está um espaço bom para almoços, jantares ou simplesmente para matar aquela fome (e sede) de final de dia. O Obicà é um franchising de uma cadeia italiana, nascida em Roma em 2004, que se espalhou pelo mundo, com restaurantes no país de origem e também em Tóquio, Los Angeles ou Nova Iorque, por exemplo, e que, depois de abrir no Porto, chega agora a Lisboa. “Sempre me fascinou a autenticidade dos ingredientes e a qualidade da cozinha do restaurante”, explica Pedro Galvão, um dos sócios do espaço de Lisboa, que conheceu o Obicà como cliente, nos anos em que trabalhou e viveu em Milão. Hoje, conhece-o de outro prisma, e apresenta-o como um “verdadeiro restaurante italiano em Portugal”. A estrela da companhia é o Mozzarella Bar, com a mozzarella di Bufala DOP a chegar diretamente da Campana, a burrata a vir de Puglia e a apresentar outras especialidades como o surpreendente Camembert di Bufala DOP, além de ter também cortes de presuntos e enchidos – recomenda-se uma das degustações para uma introdução ao conceito. A carta tem ainda algumas entradas, exemplo da couve-flor gratinada com parmigiano reggiano, tem pizzas feitas com massa que fermenta 48h, massas certificadas e ainda alguns pratos de carne. Há ainda alguns produtos de mercearia para compras e um livro com as receitas da casa, iguais em todo o mundo, para se fechar o ciclo do Obicà. Aqui está uma boa ideia.
Rua da Escola Politécnica, 90 / 91 040 7706 / dom-qui 12h30-16h30, 19h-23h, sex e sáb 12h-30-16h30, 19h-00h30
Casa Graviola
Cais do Sodré
Raiz brasileira, inspiração do mundo, com uma piscadela de olho à Ásia. Assim se pode definir a Casa Graviola, restaurante de cozinha saudável que abriu na Rua da Boavista, em agosto. O look é de um bar de praia na cidade, mas a cozinha tem um tom diferente, com vários pratos a responder bem à ideia de comida de conforto – até em dias de chuva. A marca é brasileira, tem várias lojas no Rio de Janeiro, e chegou a Lisboa para servir almoços, brunches e jantares, com base em ingredientes naturais e, quando possível, biológicos. O menu arranca com algumas entradas como as croquetas de atum fresco com farofa de pão, hummus de beterraba e aioli de tofu e açafrão, tem saladas, exemplo da de salmão gravlax, damasco e queijo de cabra, segue pelos principais, onde há frango do campo com crosta de flocos de milho e mil-folhas de batata ou um salmão com crosta de caju e risoto de tomate seco, sem esquecer a cozinha vegan, em pratos como as croquetas de shimeji e arroz negro ou o rostie de cogumelos. Já com fome? Deixemos ainda a nota que se servem brunches à base de panquecas e tostas abertas de pão de fermentação natural na chapa, além de pizzas e de hambúrgueres (de atum, grão-de-bico e linhaça ou salmão) e uns sumos dignos… ora, dignos de uma cesta de frutas brasileira. Para acabar, há café de especialidade, com origem numa fazenda em São Paulo.
Rua da Boavista, 66 / dom-qui 08h30-22h, sex e sáb 08h30-23h30