Glenn Greenwald foi ao programa brasileiro Pânico, na passada quinta-feira, onde acabaria por ser vítima de violência por parte de Augusto Nunes, um colunista da Veja. Os dois estão em extremos políticos opostos – Greenwald é de esquerda, Nunes, de direita – e chocam constantemente. O jornalista americano tornou-se uma figura importante na política no Brasil depois de ter publicado uma série de artigos críticos que têm sido particularmente prejudiciais para o governo de Jair Bolsonaro, tornando Grenwald uma figura de ódio para aqueles de extrema direita do Brasil.
No programa, Greenwald confronta Nunes em relação a alegações que tinha feito sobre a sua família. Ao que parece, o comentarista tinha recorrido a um juiz, pedindo-lhe que investigasse Greenwald e o marido, para averiguar se os filhos lhes deviam ser tirados e regressar ao local onde tinham sido adotados.
“O que ele fez foi a coisa mais feia e mais suja que eu vi na minha carreira como jornalista”, pode-se ouvir Greenwald dizer no programa. Descreve ainda o ato do colunista como “nojento”. Nunes responde então, afirmando que só tinha dito que o marido do jornalista de esquerda passa muito tempo na capital do Brasil, e que Greenwald passa o tempo a lidar com “material roubado”, e questionou-se sobre quem cuida dos filhos. Nesse momento, Greenwald acusa Nunes de ser um cobarde e confronta-o diretamente, revoltado com toda a situação, obtendo uma reação violenta por parte do colunista, que lhe deu um estalo e desencadeou uma luta entre os dois que teve de ser travada pela equipa que estava presente.
Nunes obteve reações diferentes em relação ao seu comportamento por parte de políticos que se manifestaram entretanto em relação ao sucedido. Ciro Gomes, que concorreu à presidência em 2018, publicou um vídeo ontem no Twitter em que diz que está indignado com o que aconteceu. Afirma que Greenwald cuida da sua família com dignidade, e insulta Nunes, chamando-lhe “verme”.
Por outro lado, Eduardo Bolsonaro, filho do atual presidente, tem uma opinião distinta que expressou também através do Twitter. Afirmou que Nunes não teve opção e agiu em “legítima defesa”. “Reagiu como qualquer pessoa normal com sangue nas veias poderia reagir”, pode ler-se no tweet.
Greenwald publicou um vídeo ontem, depois do ataque, onde explica o sucedido. Diz que antes de ir ao programa lhe perguntaram se ele se importava que Nunes estivesse presente. O jornalista de esquerda aceitou, vendo a ocasião como uma oportunidade para confrontar o oponente sobre as acusações que tinha feito em relação à sua família. Greenwald considera o ato de Nunes homofóbico e perigoso. Afirma que usar a violência num debate político é um assunto sério, e representa o estado do governo de Bolsonaro.