“Esta planta destrói cancro, diabetes e pressão alta”; “A receita para o seu fígado ficar como novo que o médico não quer que conheça”; “Que comida deveria estar a comer, segundo o seu signo?”. “Notícias” destas eram lidas e partilhadas milhares de vezes, na página de Facebook Natural Cures Not Medicine (“curas naturais não medicina”), com uns impressionantes 2,3 milhões de seguidores. De repente, acabou-se – sem aviso, a rede social apagou esta e muitas outras páginas do género, que divulgavam supostos remédios naturais e curas energéticas.
A maior parte da purga terá acontecido em junho, quando desapareceram cerca de 80 páginas. Entre as mais populares agora extintas estão a Healthy Food House (3,4 milhões de seguidores), a People’s Awakening (3,6 milhões), a Meditation Masters (2,3 milhões) e a Health Awareness (2,5 milhões), além de muitas outras com mais de um milhão ou centenas de milhares de fãs.
Em declarações à revista americana de economia Fast Company, um representante do Facebook confirmou que várias destas páginas de “saúde” foram eliminadas devido à política da empresa de banir páginas consideradas fraudulentas ou enganadoras. Um antigo administrador de páginas da rede social, também ouvido pela Fast Company, garante que basta dois ou mais artigos serem desmascarados (“debunked”) em sites de fact checking, como o Snopes, para uma página ser apagada.
Este ataque em massa a sites de pseudociência parece vir na sequência da promessa de Mark Zuckerberg de lutar contra as fake news, feita no início do ano. E, ao que tudo indica, está a ser feito através de um algoritmo, com a ajuda de editores da própria rede social.
Como era de esperar, os criadores destas páginas ficaram furiosos. Alguns queixam-se que dedicaram anos e muito dinheiro a construir uma base de apoio, e viram o seu trabalho e fonte de rendimento obliterados da noite para o dia. O site de “notícias alternativas” Global Freedom Movement (cuja página de fãs também desapareceu do Facebook) apelida a limpeza de “campanha de censura contra a verdade e as perspectivas alternativas”. E sugere uma alternativa ao Facebook para quem se sente órfão: uma rede social chamada Trooth (um homónimo de truth – verdade, em inglês), que define como “um santuário para as pessoas que buscam e divulgam a verdade”.