A promessa foi feita há quatro anos, ainda no decorrer do primeiro encontro ART – Associação de Respostas Terapêuticas, em Castro Verde: o encontro seguinte seria promovido na região Norte. “Afinal, duas das nossas ‘casas’ são no concelho de Marco de Canavezes”, lembra Carla Silva, diretora-geral desta instituição sem fins lucrativos, “e teremos jovens de lá a contarem as suas experiências.”
Até 2007, a associação só recebia adultos toxicodependentes nas suas comunidades terapêuticas. A viragem deu-se quando aceitou dois miúdos com 16 anos que consumiam substâncias psicoativas – “um desafio”, diz hoje Carla Silva. E a experiência correu tão bem que rapidamente a equipa técnica decidia passar a dedicar-se a 100% a intervir junto de jovens entre os 15 e os 18 anos.
Hoje, existem em todo o País apenas três comunidades terapêuticas destinadas unicamente a adolescentes que apresentem comportamentos desviantes e aditivos – e todas pertencem à ART. No Marco de Canavezes, a comunidade terapêutica Quinta do Sol situa-se em Magrelos, numa propriedade com 3 hectares, e a Quinta do Horizonte em Paredes de Viadores, com 4 hectares. A Sul fica a maior de todas, com uma área total de 5 hectares, numa planície junto a Castro Verde. Chama-se Quinta Horta da Nora e tem neste momento 52 adolescentes internados, como contamos no artigo Juventude Inquieta. LEIA A REPORTAGEM NA EDIÇÃO DESTA SEMANA
Na próxima terça-feira, 8, a experiência de trabalhar com jovens em comunidade será partilhada durante o segundo encontro promovido pela ART, na Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, no Porto. Além de dar a conhecer os resultados do trabalho preconizado pela associação, sob o tema Adolescência e Respostas em Comunidade Terapêutica serão debatidas formas de melhorar a intervenção.
“Interessa-nos também ter feedback do que andamos a fazer e conhecer pessoalmente os técnicos com os quais trabalhamos”, acrescenta Carla Silva, que vê este encontro como “mais um espaço de crescimento”.
Entre os oradores, o destaque vai naturalmente para Pedro Strecht, pedopsiquiatra da ART, com uma vasta experiência a trabalhar com crianças e adolescentes, e para Richard Rollinson, diretor do Planned Environment Therapy Trust, fundado em 1966, em Gloucestershire (Reino Unido), para promover e apoiar abordagens terapêuticas no tratamento de crianças e adultos que tenham sofrido danos emocionais e psicológicos.