Os hospitais privados admitem aliar-se às seguradoras e criar um sistema de saúde para os funcionários públicos, alternativo à atual ADSE. A ideia está a ser estudada pela Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP), para o caso de as negociações que estão a decorrer com os responsáveis da ADSE entrem em rutura.
Em causa estão as novas regras e as novas tabelas de preços para este ano. A ADSE aceitou adiar a publicação destes novos preços, prevista para esta quinta-feira, 1 de março. Mas, segundo algumas fontes, a direcção da ADSE está a dar sinais de querer publicar em breve a tabela de 2018, mesmo sem acordo dos privados. “Confirmo que há apreensão porque depois do trabalho desenvolvido no final da passada semana, a última reunião [segunda-feira, dia 26 de Fevereiro] trouxe novas preocupações. Estamos mais longe de um acordo, ainda que parcial, do que estávamos”, diz à VISÃO, Óscar Gaspar, presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP). Os estabelecimentos particulares não aceitam as regras que a ADSE que impor para o pagamento dos serviços de saúde feitos aos beneficiários deste subsistema de saúde. Em média os preços aumentam 10%, segundo fonte oficial da APHP. Na base da discórdia, refere a mesma fonte, está entre outras, uma mudança que a ADSE quer fazer no pagamento das diárias dos doentes que ficam internados após uma cirurgia. «Agora são pagos à parte, mas eles querem incluir o valor dessa diária, como refeições, quartos e outros gastos, no valor do pacote do ato cirúrgico”. Outra das questões que está a dificultar o acordo é a nomenclatura de alguns atos médicos, como as biopsias.
Esta quarta-feira há nova reunião entre a ADSE e a APHP para avaliar as propostas dos privados. Isto enquanto estes vão deixando claro que caso considerem que não há condições para prestarem serviços de qualidade (alegam que a ADSE quer pagar preços que não chegam a cobrir os custos) saem em bloco da ADSE e criam um sistema de saúde alternativo para os funcionários públicos. O que os privados estão a ponderar é a possibilidade de os funcionários públicos, em vez de descontarem 3.5 por cento do ordenado para ADSE, passem a descontar para uma outra entidade, nomeadamente uma seguradora com quem as unidades de saúde privadas fazem um acordo e montam uma rede semelhante à que existe actualmente. Assim, os hospitais privados deixavam de prestar cuidados médicos aos beneficiários da ADSE, mas continuavam a prestar esses serviços aos funcionários públicos que aderissem a um outro sistema. Esta é uma das possibilidades que está em cima da mesa, mas não a única.