Foi a 18 de setembro de 1970 que Arnaldo Matias de Matos fundou, na clandestinidade, o Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP), juntamente com Fernando Rosas e João Machado, entre outros.
Começou por ser conhecido pelas camadas de jovens operários e estudantes militantes e simpatizantes do PCTP/MRPP no pós-25 de Abril, por ser “delegado do Comité Lenine”, como era chamado o Comité Central do MRPP.
Logo após a legalização do movimento, a 18 de fevereiro de 1975, Arnaldo Matos foi preso pela primeira vez pelo COPCON, em Mirandela – e foi a partir dessa data que todo o Partido ficou a saber o seu nome. “Libertação imediata do camarada Arnaldo Matos!”, gritaram então alguns militantes e simpatizantes reunidos no Rossio, em Lisboa.
Entre 1982 e 2015 deixou a política, justificando na altura esta decisão com a ideia de que a contrarrevolução tinha ganho, passando por isso a considerar o papel do partido na nova sociedade inútil.
No entanto, em maio desse ano, na iniciativa “Vemos, Ouvimos e Lemos”, promovida pela Associação “Amadora, Passado, Presente e Futuro”, Arnaldo Matos diz que essa justificação nunca foi por ele dada, revelando a verdadeira razão de abandono do Partido: “Fui-me embora porque, na verdade, eu tinha de tomar conta dos meus filhos e eu não tinha outra forma de ganhar a vida, e não se pode ser secretário-geral do partido a tempo parcial.”
Apesar disso, continuou a falar em comícios do PCTP/MRPP e a estar associado ao partido, embora formalmente desligado dele e afastado da esquerda tradicional. Pouco depois, apesar de não possuir nenhum cargo no partido, dá ordem de suspensão a todos os membros do Comité Permanente do Comité Central, incluindo António Garcia Pereira a cara mais conhecida do Partido e seu amigo pessoal. É quando começa uma luta interna, que pode ser acompanhada no jornal online “Luta Popular” – que o levaria, entretanto, a tomar posse do partido.
Agora, estava prestes a completar mais um ano e o seu partido de sempre, o PCTP/MRPP, tinha preparada uma homenagem. Na nota “Honra ao camarada Arnaldo Matos”, enviada às redações, o PCTP/MRPP diz que a sua obra e o seu exemplo “perdurarão para sempre na memória dos operários e dos trabalhadores portugueses e constituirão um guia na luta do proletariado revolucionário e dos comunistas pelo derrube do capitalismo e do imperialismo e pela instauração do modo de produção comunista e de uma sociedade de iguais”.
Ultimamente, mantinha ainda alguma atividade no Twitter, o que levou alguns a acusá-lo de atacar tudo e todos. Mas ali revelava também outra sensibilidade, como se viu no tweet de há dois dias, em que assinalava a morte do marinheiro do beijo do Dia da Vitória, aquele que ficou célebre ao ser fotografado a beijar uma enfermeira em Times Square, naquele ano de 1945.