Cerca de mil pessoas concentraram-se em Bogotá, na noite de quarta-feira, para celebrar o histórico acordo de paz alcançado entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias Armadas da Colômbia (FARC), ao fim de quase quatro anos de negociações.
Mal apareceu num ecrã gigante, instalado no Parque dos Hippies, da capital colombiana, a imagem dos negociadores a rubricarem o acordo de paz, uma multidão gritou, com júbilo, “sim, podemos”.
O Governo colombiano e as FARC anunciaram na quarta-feira um acordo de paz sem precedentes, depois de quatro anos de duras negociações em Cuba, que visa pôr termo a mais de meio século de conflito armado.
Os termos do acordo definitivo de paz vão ser referendados, num plebiscito marcado para 02 de outubro, segundo anunciou o Presidente da Colômbia num discurso à nação.
Antes da alocução de Juan Manuel Santos, os colombianos começaram a cantar em coro o hino nacional naquele que foi um dos momentos mais emotivos da noite, com lágrimas, abraços e aplausos, segundo descreve a agência Efe, que deu conta que a concentração reuniu pessoas de diferentes formações políticas.
“Parecia demorar muito e realmente chegou o dia. Recebemos [a notícia do acordo] com emoção. Sinto que toda a Colômbia compreende a responsabilidade que tem no referendo”, disse o ex-candidato presidencial e ex-autarca de Bogotá, Antanas Mockus, à agência noticiosa espanhola.
O político, um dos mais acérrimos defensores do processo de paz, foi um dos cidadãos que respondeu à chamada de várias organizações para que se concentrassem naquele parque situado no bairro tradicional de Chapinero.
“Chegámos a um acordo para a paz final, completa e final”, lê-se num texto assinado por ambas as partes e lido pelo diplomata cubano Rodolfo Benitez, em Havana, sede das negociações da Colômbia, desde novembro de 2012.
A guerra, que começou em 1964, é o último grande conflito armado nas Américas e provocou a morte a 260.000 pessoas, deslocou 6,8 milhões e deixou 45.000 desaparecidos.
Ao longo dos anos, atraiu vários grupos rebeldes de esquerda e paramilitares de direita. Os cartéis de droga também têm alimentando a violência no maior país produtor de cocaína no mundo.
Os três anteriores processos de paz com as FARC terminaram em fracasso.
Mas depois de uma grande ofensiva das forças governamentais entre 2006 e 2009, as FARC, enfraquecidas, concordaram em sentar-se à mesa das negociações.
O acordo agora anunciado ainda tem de ser aprovado pelos colombianos em referendo.
O principal rival do atual chefe de Estado, Juan Manuel Santos, o antigo chefe de Estado Alvaro Uribe, lidera a campanha para o “não”, argumentando que o seu sucessor deu muito às FARC.
O Governo da Colômbia prossegue a luta contra o grupo rebelde Exército da Libertação Nacional.