Para a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) não há volta a dar: Caster Semenya, a meio-fundista sul-africana de 28 anos, campeã olímpica e mundial, tem de se medicar para ser menos como é, ou seja, reduzir a testosterona com que nasceu . Já se sabia que a decisão iria irremediavelmente acabar por afetar outras atletas que se vissem numa situação semelhante e já estamos perante outro caso do género. Desta vez, está em causa Aminatou Seyni, atleta nigeriana de 22 anos e especialista nos 400 metros. Esta segunda-feira, depois de ganhar com grande destaque as eliminatórias dos 200 metros, ficou claro que pode subir ao pódio na próxima quarta-feira. A sua partida foi um bocado lenta, mas na reta final mostrou do que era capaz – acabou com 22,58 segundos – o que a situa muito próximo das favoritas da distância, como a britânica Dina Asher Smith ou a jamaicana Elaine Thompson. Só que… “O meu agente e a Federação estão em negociações mas sim, para já estou proibida de participar nos 400 metros neste mundial”, comentou Seyni, no fim da prova, quando lhe perguntaram porque tinha passado a correr os 200 metros. “Fui obrigada. Tem a ver com as novas regras impostas, na sequência do que aconteceu a Caster Semenya. Se pudesse, claro que estava nos 400 metros”, confessou.
A questão é que, tal e qual como Semenya, Seyni também se recusou a submeter-se a qualquer tratamento médico para reduzir a sua testosterona e espera agora ganhar o caso na justiça. As novas normas foram denunciadas pela atleta sul-africana, ausente deste mundial de Doha, ao Supremo Tribunal suíço, onde está a sede da Federação Internacional de Atletismo – e aquele deverá pronunciar-se sobre o recurso da atleta, depois de o Tribunal Arbitral do Desporto se ter pronunciado a favor da decisão da federação, no início do verão.
Outra polémica
Já entre as atletas, o que está a causar protestos são umas novas câmaras que estão a ser usadas pela primeira vez e que, na ânsia de apresentar novos ângulos da competição, estão a filmar as atletas, na linha de partida, de baixo para cima, revelando mais do que as próprias estão disponíveis para mostrar.
“Estar de calções curtos e ter a câmara aos nossos pés a filmar-nos debaixo para cima não é muito confortável, convenhamos”, disse já, educadamente, a alemã Gina Lückenkemper