Anne nasceu a 12 de junho de 1929, em Frankfurt, na Alemanha, numa família judia. Quando Hitler e os nazis subiram ao poder, em 1933, os judeus – pessoas que seguem a religião judaica – começaram a ser perseguidos. Os nazis acusavam-nos de ser os culpados pela crise económica que o mundo ocidental vivia. As pessoas começaram a acreditar naquelas mentiras e o ódio aos judeus foi crescendo. Assustado, Otto, o pai de Anne, mudou-se então com a família para Amesterdão, na Holanda, onde estariam em segurança. Só que, em 1939, começou a Segunda Guerra Mundial, com os nazis a ocupar a Polónia.
Em Amesterdão, os Frank pensavam estar seguros, até que, em 1940, os alemães invadiram a Holanda e começaram também a perseguir os milhares de judeus daquele país. A partir desse momento tudo mudou, e o medo passou a fazer parte da vida desta adolescente que, de um momento para o outro, foi proibida de fazer coisas tão simples como entrar em cafés, piscinas e cinemas – e logo ela que adorava os filmes de Hollywood! Revoltada, relatou todas estas mudanças num caderno que recebera como prenda de anos no seu 13º aniversário, e que passou a ser o seu diário.
Viver num esconderijo
Quando Margot, a sua irmã mais velha, de 16 anos, recebeu uma carta que a obrigava a ir para um campo de trabalho nazi na Alemanha, Otto arranjou forma de esconder a família até que o perigo passasse. Com a ajuda de amigos, os Frank refugiaram-se num anexo que ficava no andar superior de um edifício de escritórios e no qual se entrava através de uma passagem secreta tapada por umas prateleiras, e que só alguns conheciam.
Anne, Margot e os pais acabaram por partilhar o espaço com outro casal, os Van Pelt e o filho, Peter, de 15 anos. Mais tarde, juntou-se ainda outro homem, um dentista de meia idade. O espaço em que todos viviam era muito pequeno, mais pequeno do que uma sala de aula normal, cerca de 50 metros quadrados! Foi ali que passaram os seus dias e noites durante mais de dois anos.
Para não serem descobertos, os Frank e os Van Pelt não podiam fazer qualquer barulho durante o dia, altura em que os funcionários do escritório ali se encontravam a trabalhar; e, à noite, não podiam ligar as luzes com as janelas abertas, não fosse alguém desconfiar e denunciar a situação à polícia. Sair para apanhar ar fresco, passear, ir à escola ou ao médico era totalmente proibido. Sentindo-se triste e aprisionada, Anne tentava distrair-se escrevendo as histórias do dia a dia no seu diário, a quem deu o nome de Kitty. Era naquelas páginas que também desabava sobre os sonhos que tinha para o seu futuro. E assim encheu o tal caderno e muitos outros que lhe seguiram, pois a adolescente tinha muita imaginação e jeito para as histórias. Até chegou a escrever o seguinte: «Eu quero continuar a viver mesmo depois da minha morte! E é por isso que sou tão grata a Deus por ter me dado este presente que posso usar para me desenvolver e expressar tudo o que está dentro de mim.»
Um dia, ouviram na rádio (naquele tempo não havia televisão, não te esqueças) um membro do governo holandês pedir aos cidadãos que guardassem os diários e cartas que escrevessem durante a guerra para que, mais tarde, o mundo percebesse as dificuldades vividas por tantas pessoas. Anne meteu na cabeça que iria fazer isso mesmo e, no fim da guerra, tentaria publicar o seu diário. Perfecionista, reescreveu muitos dos textos para ficarem ainda melhor. Contudo, o seu sonho não se realizou…
Apanhados pelos nazis
O último texto que escreveu no seu diário data de 1 de agosto de 1944. Nessa altura, já os exércitos Aliados – dos países que lutavam contra os nazis alemães – entravam em força na Europa, para libertar os países ocupados, como a Holanda. Parecia que o pesadelo de Anne e de tantos outros judeus escondidos e prisioneiros iria terminar, mas a menina não teve essa sorte. Os Frank e os Van Pelt foram denunciados e os nazis prenderam-nos e levaram-nos para um campo de concentração. Anne e a família passaram pelos campos de Westerbork (Holanda) e Auschwitz (Polónia), até que acabaram por ser separados e as duas irmãs foram enviadas para o campo de Bergen-Belsen (Alemanha). Ali sobreviveram perto de cinco meses, mas acabaram por morrer, vítimas da fome e de muitas doenças. Anne tinha apenas 15 anos.
Um diário lido por milhões
Só Otto, o pai, sobreviveu ao Holocausto. Quando regressou à Holanda, uma amiga da família que os tinha ajudado durante os tempos do anexo, entregou-lhe os diários de Anne. Otto nem queria acreditar. Emocionado com as palavras da filha, fez tudo o que podia para que o diário fosse publicado, de forma a dar a conhecer ao mundo a história daquela menina que, apesar de igual a tantas outras adolescentes, era muito singular.
O diário foi publicado pela primeira vez em 1947, nessa altura, ainda com o título O Anexo. Milhões de pessoas de todo o mundo, adultos e jovens, o leram até hoje, e Portugal não é exceção. O Diário de Anne Frank tem sido uma presença constante na iniciativa Miúdos a Votos: quais os livros mais fixes?, organizada pela VISÃO Júnior, e este ano voltou a estar no pódio. Foi o 2º livro mais votado no 3º ciclo, e ficou em 3º lugar no secundário. E tu, já o leste?
Se tens curiosidade de saber mais sobre Anne, há outros livros que podes ler para além do seu diário, entre eles, uma edição portuguesa com os contos escritos por ela.
Vê em baixo as nossas sugestões.