Início da contagem decrescente…
10…9…8…7…6…5…4…3…2…1…0.
A nave descola! Uma viagem para o espaço começa! Desta vez em busca do Planeta Lello. As coordenadas já estão programadas e inseridas no computador de bordo. Os astronautas viajavam colados às cadeiras! A velocidade era vertiginosa, mas no sentido ascendente. Um rasto de fumo acompanhava a cauda da nave espacial. Dentro, os alunos do 4.ºano da turma A olhavam deslumbrados pelas escotilhas!
Uma voz robótica e monocórdica ouviu-se:
– Destino, Planeta Lello; duração da viagem, 48 horas; velocidade warp 5.
A turma observava com muita atenção, a Lua e as suas crateras, agora muito próximas! Não se via vivalma! À nossa frente estendia-se o Mar da Tranquilidade…
Todos nós estávamos impressionados e ao mesmo tempo nervosos!
– Olha ali um meteorito.
– Lá ao longe está a aparecer um planeta vermelho! Será Marte?
– Será que o Planeta Lello também é vermelho?
– Que medo! Eu já estou a ver um planeta enorme e não sei se não vamos bater nele.
– Não tenham medo que o comandante desvia a nave. É o Planeta Júpiter, informou a professora.
A certa altura todos começaram a ficar cansados e com fome. Estava na hora de um bom jantar e de uma boa noite de sono. Alguns membros da tripulação serviram o jantar e distribuíram almofadas e mantas.
De seguida levaram-nos para o último andar da nave. Surpresa! Parecia que tínhamos entrado no Planetário, aqui no Porto. À nossa volta havia uma cúpula redonda e transparente, quase igual ao vidro. No horizonte víamos milhares de estrelas, planetas, constelações e alguns cometas e meteoritos a riscar o céu. Em toda a volta estavam colocadas camas cilíndricas com botões coloridos e funções diferentes.
Todos nós estávamos deslumbrados!
De repente, aquela voz robótica e monocórdica ouviu-se de novo:
– Já passaram vinte e quatro horas. Agora está na hora de dormir. As casas de banho são na 1.ª porta à direita. Daqui a quinze minutos, as luzes vão apagar-se. Bons sonhos intergalácticos!
Em quinze minutos, todos estavam já deitados e alguns a dormir…
De manhã, acordámos com o Sol a espreitar mui…to ao longe! Não parecia o Sol!
Os anéis de Saturno já tinham passado, Urano já estava para trás e no horizonte aparecia Neptuno, vestido com a sua cor azul.
Todos se levantaram e meia hora mais tarde estavam reunidos na sala de reuniões: era preciso organizar a entrevista que íamos fazer a Almeida Garrett, que nos esperava no Planeta Lello.
Novamente se ouviu aquela voz robótica e monocórdica:
– Bom dia! Acabámos de passar Plutão; vamos atravessar a Cintura de Kuiper; sentem-se e apertem os cintos; vai haver turbulência.
Ficámos assustados porque, pelas escotilhas passavam como raios, meteoros, meteoritos, asteróides… Parecia que íamos chocar com eles!
Passou uma hora e avistámos um livro gigante. Seria uma nave ou um planeta?
Neste momento ouviu-se uma voz agradável, desta vez do comandante:
– Chegámos ao Planeta Lello. Como vêem tem uma forma adequada ao seu nome. Não, não é vermelho como um de vós perguntou. Quando nos aproximarmos, verão um livro com uma capa com um belo tom de verde! Dentro de vinte minutos aterraremos.
Chegou o momento de explicarmos esta viagem a este planeta imaginário. O Planeta Lello é um planeta diferente, fora do nosso Sistema Solar. Pertence ao Sistema Literário, na Via Láctea. Foi descoberto nos meados de 2010 por um cientista português, quase por acaso. Por causa do seu aspecto, em forma de livro, os cientistas de todo o mundo, muito curiosos, estudaram este planeta através de fotografias enviadas pelo telescópio Hubble. Eles fizeram uma descoberta estranha e ao mesmo tempo surpreendente! Na parte da capa estava escrito Planeta Lello, em homenagem à Livraria Lello e nas suas cidades moravam escritores que já tinham desaparecido aqui da Terra! Começaram a chamar-lhe o “Céu dos Escritores”. Sabíamos que poderíamos encontrar Almeida Garrett!
A nave começou a descer para aterrar. O entusiasmo era tanto, que tirámos os cintos e corremos para as janelas. Na plataforma estava à nossa espera, o escritor Almeida Garrett com a sua cartola e bengala, todo garboso! Ele sabia que nós estávamos a chegar. Estava acompanhado por outros escritores, que também queriam saber novidades da Terra.
– Bom dia, meninos! Disfrutaram da viagem? – quis saber Almeida Garrett.
– Sim, a viagem foi muito agradável! -respondemos nós.
– Sem demora, vamos à Biblioteca Lello, onde nos aguardam.
Ficámos boquiabertos!… Na rua, andavam carros voadores. Junto ao passeio estavam estacionados, a flutuar, seis carros à nossa espera. Entrámos e num ápice, estávamos a voar pela cidade. Passados alguns minutos parámos em frente da Biblioteca. Era igualzinha à Livraria Lello! Lá dentro também era uma réplica da Livraria! À volta de uma mesa estavam sentados, sorridentes e curiosos, alguns escritores portugueses, tais como: Luís de Camões, Gil Vicente, Fernando Pessoa, José Saramago, Sophia de Mello Breyner, Eugénio de Andrade. Almeida Garrett e nós juntamo-nos a eles.
– Que surpresa magnífica! Tantos escritores juntos! Só em sonhos, se poderia imaginar tal coisa! disse a professora, deliciada.
– Vamos conversar um pouco. Vamos aproveitar o pouco tempo que temos, lembrou Almeida Garrett.
– Aqui também escrevem livros? – perguntou um aluno.
– Conversamos muito e também escrevemos novos livros. – respondeu Fernando Pessoa.
Camões informou que estava a escrever os Novos Lusíadas (parte 2).
Gil Vicente, logo a seguir disse:
– Continuo a escrever peças de teatro que são ensaiadas e representadas aos sábados à noite.
– As peças são muito interessantes e cómicas. Divertimo-nos muito! – falou Eugénio de Andrade.
– Também escreve livros novos? – perguntou outro menino a Almeida Garrett.
– Claro que sim. Estou a escrever um livro de poemas dedicado a todas as mulheres bonitas deste planeta. Aqui também há Joaninhas e muitas histórias de amor para contar.
– Que livro gostou mais de escrever? – quis saber uma aluna.
– O livro que tive mais prazer a escrever foram as “Viagens na minha terra”. Hoje, as novas viagens são ainda mais interessantes. A vossa deve ter sido fantástica!
– Foi espectacular! respondemos nós.
– Aqui também costumam fazer viagens?
Sophia de Mello Breyner respondeu:
– Só nos novos livros que escrevemos. Tenho escrito novas histórias para crianças como vós.
Foi a vez de José Saramago falar:
– Passo o meu tempo a escrever um novo romance. É sobre o nosso país. Estou muito preocupado com Portugal.
– Não se preocupe. O país está em crise, mas os portugueses vão resolver os seus problemas. – disse a professora com convicção.
– Também eu vivi em Inglaterra por causa da política! lembrou Almeida Garrett.
A conversa continuou sobre a vida na nossa cidade no tempo de agora, muito diferente do passado.
– Mas continuam a ter a Livraria Lello, brincou Almeida Garrett. Aqui, temos uma réplica, que nos deixa muito felizes!
O tempo passou a correr. Estava quase na hora de voltar à nave.
Antes das despedidas havia surpresas para todos. Nós levámos jornais, livros de escritores da nossa actualidade, DVD’s com assuntos diversificados e um texto colectivo da turma para se lembrarem de nós! Agradeceram a nossa visita e ficaram muito felizes por terem a nossa companhia e a nossa conversa. Sophia de Mello Breyner levantou-se e ofereceu um livro sobre o Planeta Lello, a cada um de nós.
Agradecemos o tempo que passaram connosco, a simpatia com que nos receberam e as coisas novas que aprendemos.
Então, Almeida Garrett começou a falar:
– Tenho um pedido para vos fazer e um presente para todos. Peço-vos que levem os livros que escrevemos aqui e os mandem publicar. Os nossos presentes são os livros originais que cada um de nós escreveu. Há ainda um desejo que eu gostaria que se cumprisse: estudem, leiam muito e escrevam muitos livros!…
Emocionados, despedimo-nos e prometemos atender o pedido que nos foi feito. Prometemos escrever livros e também prometemos voltar…se for possível.
Foi uma viagem maravilhosa!
Para ler o texto dos alunos do 4A da escola EB1 S.Joao da Foz e ver as ilustrações clica no