Querido diário,
Sabes como é ser diferente? Sabes como é ter um sonho que achas que não se vai tornar realidade? Pois bem, vou-te contar o que me aconteceu há muitos anos.
Foi num dia do mês de março. Estava na aula de Língua Portuguesa e a professora perguntou-nos o que queríamos ser quando fôssemos grandes. Todas as raparigas diziam que queriam ser modelos ou atrizes. Já os rapazes só pensavam no futebol e em guerras. Muito original!
Na minha turma, a palavra diferença não existia no dicionário. Será que não sabiam que ser diferente é uma qualidade?!
Quando chegou a minha vez, eu disse que queria ser astronauta e todos os meus colegas fizeram troça de mim.
O meu dia parecia estar destruído! Cheguei a casa com lágrimas nos olhos. A minha mãe deu-me um beijo e quis saber a razão da minha tristeza. Não respondi e fui diretamente para o quarto.
Desiludida, deitei-me. Foi então que tive um grande sonho. Sonhei que tinha quarenta e três anos e que estava dentro de um foguetão. Aquele foguetão era colorido como um brinquedo. Fazia-me lembrar a minha infância, o tempo em que eu podia sonhar alto e ninguém me ofendia. Ainda hoje tenho saudades desses tempos!
Inesperadamente, no meu sonho, passaram mais quarenta anos. Tornei-me uma astronauta profissional e descobri quatro novos planetas: Morangolândia, Laranjoplaneta, Bananomania e Maçãmaravilha.
Ganhei vários prémios e tornei-me popular em todo o mundo. Tinha oitenta e três anos, já estava velha, o mundo estava velho. Era solteira, não tinha filhos, não tinha ninguém a quem contar as minhas aventuras nem emoções. Um momento terrível que só queria que tivesse fim.
De repente, ouvi um barulho que me parecia familiar: era o despertador! Acordei e percebi que era um sonho.
Porém, esse sonho deu-me confiança, enfrentei os meus colegas e consegui realizar o meu sonho!