O curso que nós escolhemos na faculdade, para quem decide continuar com os estudos, pode decidir tudo ou nada em relação ao nosso futuro. Ou acabamos por ficar numa profissão diretamente relacionada com a matéria que escolhemos estudar e aprofundar ou aqueles anos todos com a cabeça enfiada em certos livros não nos servem para nada mais do que um carimbo no currículo. Seja de uma maneira ou de outra, a minha decisão sempre foi prosseguir com a faculdade. Isso era uma certeza, aliás, a única certeza.
Quando era mais nova, tive que decidir por qual a área que iria optar quando entrasse no ensino secundário. Não me dei ao trabalho de fazer um daqueles testes psicotécnicos que te perguntam se gostas mais de plantar batatas ou alface. Humanidades era a melhor opção para uma criança que adorava ler e escrever, aprender história e estudar filosofias. Sei que fiz a escolha certa quando segui por este caminho.
Mas essa decisão ainda pôde ser feita de uma forma leve e em nada se compara com aquela que temos que realizar quando escolhemos um curso na faculdade, pois nesse momento, a matéria de que tu gostas, enfrenta um adversário que pode exclui-la completamente como opção, o índice de empregabilidade. Acho que todos os adolescentes, hoje em dia, têm um novo Bicho-Papão: o raio do tal “índice de empregabilidade”!
Por mais que eu adorasse temas como história e filosofia, línguas e textos, o medo que crescia perante a ameaça de acabar por não ter um emprego, começava a minar tudo aquilo que me apaixonava. Existiam pessoas que me incentivavam a jogar pelo seguro, porque só os preguiçosos querem poder trabalhar naquilo que gostam. Outros, diziam-me que, hoje em dia, nenhum curso tem emprego assegurado, por isso mais vale escolher algo que nos interessa e apaixona. Alguns ainda me avisaram que o melhor é arranjar um meio-termo, um curso de que goste mais ou menos e que não me leve à miséria. Passei horas no meu computador a explorar hipóteses, disciplinas de um curso, contra as saídas profissionais de outro. Tudo isto, enquanto me perguntava, se seria assim tão terrível não querer viver a vida a meio-termo? Querer viver ao máximo, enquanto vivo? Ter paixão pelo que faço? Hoje em dia, a nossa posição no mundo está sempre de mãos dadas com o nosso emprego, com aquilo que fazemos, com o que, é o nosso trabalho. O valor de uma pessoa é agora julgada pela sua profissão e o dinheiro é o que compra o respeito.
Tinha por isso medo de realizar uma escolha que se igualava a cair de um precipício. Se escolhesse seguir aquilo de que gosto, arriscava-me a perder oportunidades profissionais. Se optasse pelo que me daria mais aberturas no trabalho, arriscava-me a abandonar a minha paixão. Se me contentasse por um meio-termo, será que passaria a minha vida inteira a cambalear de um lado para o outro, sem nunca realmente assentar num futuro?
O problema é que nunca sabemos o que nos espera e por mais que pensem que sim, as pessoas à nossa volta também não sabem. Existem três opções, três rumos diversos, três futuros diferentes e só nos cabe a nós mesmos, decidir aquele que queremos para nós. Devemos aceitar a ajuda de todos, a opinião de todos mas no fim, somos nós que vamos viver aquilo por que optarmos. Temos que ser fortes, ignorar o medo e saltar para um futuro imprevisível, mas nosso, porque fomos nós que o escolhemos.
Fiz a minha escolha, algo receosa. Mas é preciso saber arriscar sem deixar que a incerteza nos impeça de seguir em frente. No entanto, não vos posso contar a minha decisão, não quero ser influência boa nem influência má, nem influência mais ou menos, de ninguém.
Mas fica a pergunta…
“É melhor escolher um curso que nos apaixona, um curso que nos oferece segurança ou algo que esteja algures pelo meio?”