Desvio de dinheiros, operações simuladas e concursos públicos viciados, financiamentos ilícitos de campanhas, com faturação de despesas a empresas de fachada para iludir o Tribunal Constitucional, o rol revelado na edição desta semana da VISÃO é extenso. Durante anos, um grupo de empresas, algumas de fachada, tirando partido de influências políticas, sobretudo junto de autarcas e dirigentes do PSD – Marco António Costa, Luis Filipe Menezes, Agostinho Branquinho, Hermínio Loureiro, Virgílio Macedo e Valentim Loureiro –, viciou contratos públicos, ludibriou o Estado, fintou a Justiça e terá ocultado financiamentos proibidos para campanhas eleitorais. Numa grande investigação, que culminou num extenso dossiê de 21 páginas assinado por Miguel Carvalho, a VISÃO revela indícios de tráfico de influências e corrupção destapados com o fim da agência Webrand.
Com detalhe minucioso, o grande repórter explica o que está em causa, os esquemas e as técnicas utilizadas para desviar dinheiro dos contribuintes para bolsos privados. Elucidativa é a entrevista ao testa de ferro assumido da Webrand, Carlos Fonseca, que abre o jogo em on. Ora espreite aqui e assombre-se com o que ele classifica de “prática normal”.
A vez dos Lourenço
João e Ana Lourenço são o novo casal presidencial em Angola. Ela já foi ministra, ele ainda é. Conseguirá a dupla romper com as teias de poder da família Dos Santos? Cesaltina Pinto traça-lhes o perfil e desfia os enormes desafios que se colocam ao país. A começar pelo fim do nepotismo e da cleptocracia.
Geração Diana
Uma história de reis e princesas, com direito a ribalta, tragédia e lágrimas. Faz 20 anos da morte da Princesa do Povo, e a VISÃO foi perceber qual o impacto que ela teve no nosso país. A verdade é que a sua popularidade se traduziu numa geração de Dianas. Até aos anos 80, o nome quase não existia por cá, no final dessa década, já estava no Top 10. Falámos com várias, das que sonharam com coroas e príncipes encantados às que viram no nome um fardo.
Sem casa, sem compromissos e… sem-carro
Já temos a partilha de bicicletas e de motos e agora chegou em força a partilha de carros. A Brisa vai lançar em Lisboa o Drivenow, um dos maiores serviços europeus de carsharing , uma tendência que se está a expandir por toda a Europa, muito também graças à proibição de motores tradicionais nos centros das cidades. O serviço será lançado no dia 12 de setembro e a empresa contará com uma frota de 211 veículos. Vale a pena ler o trabalho de Paulo C. Santos, fazer as contas e ver se lhe compensa: o custo por minuto varia entre os 29 e os 34 cêntimos.
A felicidade segundo Joaquim Leitão
Com um filme a chegar às salas, “Índice Médio de Felicidade”, e outro em produção, “O Fim da Inocência”, o realizador fala sobre conquistas, desafios e inquietações. Um ex-otimista com as coisas do mundo, numa bela entrevista conduzida por Pedro Dias de Almeida.
Da falta de coragem
Imperdível, como sempre, nesta edição é a crónica de António Lobo Antunes. A quarta e última de uma série especial sobre lembranças de África. Fala da condição humana e da coragem, ou da falta dela, e começa assim: “O senhor Reizinho foi o militar mais medroso que encontrei na vida. Alto, magro, tudo nas suas feições e no seu corpo era circunflexo”.
Ler faz (tão) bem
Em tempos circunflexos, vale sempre a pena voltar aos clássicos. E um obrigatório em qualquer estante (ou melhor, em qualquer cabeça, depois de lido), é A Morte de Ivan Ilitch, de Tolstoi, que a VISÃO oferece na próxima semana. Nesta, contamos a história, explicamos a importância da obra e aguçamos o apetite, para que o mande já reservar na sua banca. Veja o que diz Lobo Antunes sobre o nono volume da colecção Ler Faz Bem, oferecida com a revista: “O livro é o retrato implacável da nossa condição. Tudo o que somos se acha em poucas páginas, escrito de uma forma magistral. Li-as, maravilhado, umas vinte ou trinta vezes, continuarei a lê-las, maravilhado, até ao fim dos meus dias”.
Isto não é o que parece
Muito mais há para ler numa edição recheada de bom jornalismo, histórias, entrevistas e opinião que merece ser lida, mas a newsletter já vai longa. Só não posso terminar sem as propostas habituais da VISÃO Se7e, onde encontra, como habitualmente, dezenas de sugestões para os seus tempos livres. Desta vez, escolhemos os 12 cocktails mais extravagantes de Lisboa e do Porto. Um deles é o Orgia – sim, o nome é atrevido, ou não fosse da autoria do chefe de bar da Pensão Amor. Confira a receita e os ingredientes para o sucesso (dizem eles). Eu só posso dizer que mete dois tipos de rum e é servido num bule e em chávenas de porcelana.
Olhar para a frente… com visão
Permita-me finalizar com uma mensagem muito cá de casa. Vieram a público as notícias da intenção do atual proprietário da VISÃO, a Impresa Publishing, de alterar a sua estratégia editorial e, de acordo com o que foi comunicado, equacionar o desinvestimento no mercado de revistas. Não nos cabe a nós, direção, questionar a validade ou oportunidade dessa opção.
Cabe-nos sim assegurar que vamos honrar o compromisso de confiança que temos com o leitor: informar com rigor, respeitar os princípios deontológicos do jornalismo, afrontar com coragem e independência todos os poderes, nunca vacilar perante a verdade dos factos e o respeito pelas regras do contraditório, olhar o mundo sem preconceitos. Com bons números para mostrar: estamos financeiramente mais fortes e crescemos em banca, aumentando ainda mais a distância que nos separa da concorrência mais direta, como confirmam os dados divulgados hoje pela APCT. Ter VISÃO, acreditamos nós e sabemos que não estamos sozinhos, é imprescindível.