As melhores coisas da vida estão, tantas vezes, tão perto de nós que nem sequer reparamos nelas. Por falta de tempo e, acima de tudo, por falta de atenção. Na maior parte dos casos, apenas nos preocupamos em saltar – e depressa! – entre a partida e a chegada sem desfrutarmos verdadeiramente do caminho. Mas quando o fazemos, passo a passo, podemos descobrir, então, algo que nem sequer imaginávamos que existisse aqui tão perto de nós: paisagens deslumbrantes, aldeias carregadas de histórias, pedaços de litoral ainda milagrosamente selvagens, pequenos tesouros de vida animal e, acima de tudo, uma experiência enriquecedora que nos pode levar a descobrir um País de paisagens únicas e irrepetíveis.
Portugal fica diferente quando caminhamos pelos percursos, trilhos, passadiços, rotas grandes e pequenas, que, nos últimos anos, foram sendo criadas. São mais de 3 700 quilómetros de percursos pedestres, em todo o território. Alguns, como a Rota Vicentina, atraem legiões de estrangeiros. Outros, como os Passadiços do Paiva (não perca este vídeo fantástico de Joel Santos!), tornaram-se fenómenos de enorme adesão popular – mesmo entre as pessoas que diziam não gostar de andar a pé.
O jornalista Miguel Judas anda há anos a percorrer estes trilhos, onde, aos poucos, começou a surgir um novo tipo de oferta turística, mais local e sustentável. É ele quem nos guia, no tema de capa desta semana, pelo Portugal que merece ser descoberto a caminhar. E ainda elege 14 percursos de sonho (de níveis baixo, médio e alto) para andar a pé junto ao mar, por serras e em parques naturais. A oferta é tão grande – até porque o Miguel é de tal modo especialista no assunto que até vai publicar, dentro de semanas, um livro com os 200 melhores percursos de trekking do País – que nos criou um problema na hora de fazer a capa: um percurso junto ao mar ou no interior? A solução foi salomónica, graças também à beleza das imagens captadas por Luís Quinta e Joel Santos, dois dos mais importantes fotógrafos portugueses de natureza e paisagem: duas capas para uma mesma edição. A escolha é sua. Com uma certeza: a de que o caminho se faz caminhando.
Avisos de Arménio ao Governo
O caminho estreito em que saltita a atual solução governativa é algo que está sempre na ordem do dia. E a entrevista que o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, deu esta semana à jornalista Márcia Galrão vem indicar que a central sindical não está disponível para a criação de mais atalhos que possam fazer atrasar a concretização das suas reivindicações. Em vésperas de uma greve da Função Pública, Arménio Carlos deixa um aviso sério: “O Governo está a ficar acomodado ao poder.” Mas também muitos outros recados que merecem ser lidos ou vistos aqui.
Os “piratões” da TV à borla
Quem não segue os caminhos normais são aqueles que, nos corredores das operadoras de telecomunicações, são conhecidos como “os piratões”. Segundo explica a jornalista Sílvia Caneco, eles estão habitualmente na lista dos melhores clientes, assinam os mais completos pacotes de televisão, os canais premium preferidos e não falham o pagamento de uma fatura mensal. Para quê? Para os revender a outros a um preço mais baixo. É um negócio – ilegal, claro – que já chega a 250 mil pessoas. Mas para saber mais vai mesmo ter de ler a revista… sem atalhos.
Erdogan, o todo-poderoso
Uma nova crise financeira? Um novo êxodo de refugiados na UE? Agravamento da guerra civil síria? Embora ainda não tenha reparado, mas todos estes cenários preocupantes podem depender da ação de Recep Tayyip Erdogan, o homem – que caso ganhe o referendo do próximo domingo – pode ficar a governar a Turquia até 2029. E com mão de ferro, segundo explica Filipe Fialho, editor de internacional.
Não há robalos em Porto Rico
A afirmação pode parecer estranha, mas, internamente, o editor executivo Filipe Luís ganhou com ela a distinção de melhor título desta edição. Tudo para explicar o que sucedeu na mesma semana em que Dias Loureiro viu arquivado o seu processo no BPN e Armando Vara viu confirmada a sentença de cinco anos de prisão. Ambos têm em comum mais do que se pensa. O que safou um e tramou o outro?
Os ecos de “Guernica”
Há poucas obras tão icónicas como esta, que agora celebra 80 anos. Ouvido pelo jornalista Mário David Campos, o poeta Manuel Alegre recorda que, na sua juventude, “as pessoas antifascistas tinham quase todas elas uma reprodução do quadro”. Oito décadas depois, a história de Guernica continua a ser apaixonante.
Quintas e mansões do vinho verde
Esta semana, na VISÃO Se7e, fomos em direção ao Noroeste, à descoberta da região demarcada do vinho verde, uma das maiores do mundo, com muito território e história para desbravar. Uma viagem pelas casas de famílias com séculos de experiência, tradição no cultivo da vinha e na vinificação e vontade de experimentar novos projetos associados à boa gastronomia e ao enoturismo. Como esta quinta, que encontrámos em Penafiel e que esconde deliciosas follies espalhadas pelo jardim. Nas restantes páginas, como sempre, encontrará dezenas de sugestões para ocupar os seus tempos livres, entre novos restaurantes, lojas, passeios e muitos espetáculos.
Das crónicas e colunas de opinião desta semana:
“Na morte do João houve uma coisa que me consolou um bocadinho: saí da Basílica da Estrela de mão dada com o meu irmão Nuno. Nunca tinha dado a mão a um homem, mas não era a um homem que estava a dar a mão. Era ao meu Nuno, era ao sangue dele que é exactamente o mesmo que o meu”
– António Lobo Antunes, sobre a memória dos irmãos e da família
“Colocar a mão em genitálias alheias contra a vontade das suas proprietárias é um acto que não costuma ser caracterizado com a palavra “brincadeira”. O Código Penal, por exemplo, prefere a designação “crime” “
– Ricardo Araújo Pereira, sobre o caso do ator brasileiro José Mayer, acusado de assédio sexual e que se defendeu afirmando que tinha exagerado nas suas “brincadeiras machistas”
“Com a mesma precipitação irrefletida com que escreve tuits às 6h da manhã, um bélico Trump manda atirar bombas“
– Mafalda Anjos, sobre a intervenção militar americana na Síria
“O triste e condenável episódio da remoção dos parquímetros da EMEL, em Carnide, é apenas mais um sinal da revolta dos lisboetas contra uma política municipal que sistematicamente os despreza”
– José Eduardo Martins, advogado, e anunciado candidato do PSD à Assembleia Municipal de Lisboa
A AnteVISÃO fica por aqui. A revista está já a chegar aos nossos mais de 35 mil assinantes e amanhã (um dia mais cedo do que o habitual) estará nas bancas com muitos outros temas, artigos e assuntos que merecem ser lidos e vistos. Nós, como diria o outro, vamos continuar a andar por aqui, em www.visao.pt. Sempre no nosso caminho.