Não me interpretem mal, digo-o sem cinismos, pois também eu aprecio os encantos da época natalícia, mas admito que se torna difícil falar de amor e fraternidade perante o drama dos migrantes em direção à Europa, a tão desejada “Árvore de Natal”, a última réstia de esperança por um futuro melhor.
A crise dos migrantes (refugiados / imigrantes) em curso, que ainda não atingiu o seu trágico e esperado apogeu, representa o maior desafio para a estabilidade global desde o fim da II Guerra Mundial. Se não for abordado e tratado com vontade e determinação, sobretudo pelos 5 membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, esse desafio/tragédia poderá desencadear o fim do espaço Schengen, o desaparecimento de facto da União Europeia e, in fine, o eclodir precoce e violentíssimo da III Guerra Mundial.
As causas dessa crise/desafio, e as suas temíveis consequências para os migrantes, a Europa e o Mundo, são expectáveis e conhecidas há pelo menos duas décadas, mas agravaram-se substancialmente com os acontecimentos no Médio Oriente a partir de 2003, com particular incidência desde 2011 (Síria) no Norte de Africa, com a denominada “Primavera Árabe”, e ainda o culminar do afrontamento do Ocidente (com a União Europeia a reboque) à Rússia, desde a queda do muro de Berlim (1989), com a provocada crise na Ucrânia e o impensável desafio lançado à Rússia com a questão da Crimeia.
Os últimos acontecimentos desencadeados pela Turquia (membro estratégico da NATO) contra a Rússia parece ser o culminar de todo um processo planeado pelo Ocidente para provocar uma afronta militar à Rússia que terá como última consequência, a breve trecho, a menos que haja uma reviravolta radical nos processos e metodologias em curso, a III Guerra Mundial, com consequências incalculáveis e inimagináveis para a Humanidade e para o Planeta Terra.
Se associarmos ao atrás descrito, a incompetência, a ignorância, a falta de visão, o servilismo dos “dirigentes” europeus para com os EUA desde o fim da II GuerraMundial, (com um aprofundamento inquietante e revoltante desde 1989 e ainda mais desde 2003) assim como o agravamento irreversível das alterações climáticas devido à falta de vontade e determinação políticas das grandes “potências” em querer estancar e resolver atempadamente essa questão, sendo que a COP21 e as suas “decisões” são manifestamente insuficientes, temos constituída e a desabar sobre todos nós a “Tempestade Perfeita” que acabará com a réstia das civilizações existentes.
Para parar essa “Tempestade Perfeita” que sobre nós se vai abater, há ainda soluções:
1. Desenvolver sem mais tardar, um plano de 10 milhões de milhões de USD ou euros de desenvolvimento real e sustentável para toda a África com particular incidência no mundo rural e nas caóticas periferias suburbanas onde multidões de jovens vivem no desespero, no desemprego e no caos, sendo o gigantesco bairro de lata de Kibera em Nairobi o exemplo mais flagrante.
2. Restabelecer de imediato a ordem e a paz no norte de África (Líbia e Tunísia), em toda a região do Sahel e em muitos países da África Central e Oriental, desintegrar prioritariamente o autoproclamado e terrorista estado islâmico (que não é “estado” nem “islâmico”); estabelecer a paz e a concórdia entre os estados de Israel e da Palestina assim como em todo o crescente fértil do Médio Oriente até ao Paquistão.
3. Acabar com o trágico afrontamento que se está a levar a cabo com a Rússia, tanto na Ucrânia, como na Turquia, no Cáucaso e nos Balcãs. A Europa tem de trabalhar para a inclusão da Rússia no seu pilar estratégico, democrático, demográfico, diplomático, energético e militar, e não para a sua exclusão.
4. Travar o aparente irreversível agravamento das alterações climáticas que, só por si, nos levarão ao caos, o mais tardar, até ao final do século!
Se não levarmos muito a sério os 4 pontos anteriormente descritos, assistiremos a muito breve trecho, ao caos mais completo:
a) Fluxos migratórios gigantescos e incontroláveis
b) Terrorismo global incontrolável
c) Regimes fascistas na Europa
d) Guerras de religião na Europa
e) Terceira Guerra Mundial
Não percamos a esperança, mas não tenhamos ilusões. É preciso agir, hoje e sempre, independentemente da época do ano.
Que o novo ano nos encha de coragem e perseverança para continuar a lutar por um mundo melhor, no qual a tão desejada “Árvore de Natal”, a esperança, possa ser vislumbrada por todos…