A construção de novas casas, a ocupação dos imóveis do Estado que estão vazios e a reabilitação de imóveis parcialmente devolutos são as soluções possíveis para esta escassez – e estão a acontecer, ainda que de forma demasiado lenta para fazer face à procura. O segmento mais afetado é a classe média, que tende a procurar as tipologias de imóveis que mais faltam no mercado: os T3 e T4. “Desde 2012 que se começaram a reabilitar edifícios – devolutos ou parcialmente devolutos – no centro de Lisboa.
“Estas reabilitações foram ao encontro de tipologias mais pequenas, T0, T1, T2, claramente adaptadas ao turismo, short term rental a somar aos Golden Visa. Neste processo, muitas tipologias dirigidas a um segmento de mercado de famílias de classe média portuguesas, os T3 e T4, foram transformadas em apartamentos pequenos. A Câmara de Lisboa deixou corromper o layout arquitetónico previamente definido para transformar alguns prédios em colmeias de famílias”, acusa Francisco Quintela, sócio-fundador da Quintela e Penalva – Real Estate.
Francisco Quintela refere ainda que, no que concerne à construção, “as Câmaras Municipais de Lisboa e Cascais têm grandes atrasos nos licenciamentos para construção, muitas vezes a superar os dois anos, o que afasta os investidores”. A solução passaria por “contratar mais pessoas. No momento de crise que o país atravessou na última década, foram dispensadas centenas de pessoas das câmaras que hoje, tendo-se dado uma quintuplicação de processos de pedido de licenciamento, fazem falta. As câmaras e os organismos intervenientes na aprovação destes projetos deveriam ter automatismos de resposta ou pensar em contratar task forces de arquitetura e engenharia para dar andamento a estas áreas – e assim não afugentar os investidores do mercado imobiliário”, conclui.