Percebe-se que o mercado de retalho vive um momento de grande dinamismo influenciado por diferentes fatores:
– Aumento substancial no numero de turistas, o que em algumas zonas de Lisboa e Porto tem ajudado a alavancar o crescimento registado na abertura de novas lojas
– Disponibilização para o mercado de novos espaços comerciais resultantes da reabilitação de imóveis, uma parte deles em resultado das alterações à lei do arrendamento registadas em 2012
– Alteração dos hábitos de consumo, em particular das novas gerações, o que tem contribuído para o desenvolvimento do comércio de rua e a descoberta de novos formatos ou conceitos
– Boom do sector da restauração, fenómeno transversal na sociedade Portuguesa (nunca se falou tanto sobre alimentação e afins) que tem impulsionado um sector ávido de reinventar-se, proporcionando aos clientes novos produtos e experiências, algo fundamental nos dias que vivemos.
Nos últimos 2 a 3 anos assistimos a um crescimento das rendas, com especial foco nas zonas históricas das cidades, nomeadamente Baixa – Chiado, Príncipe Real, frente Ribeirinha, zona da Expo, principais artérias em Lisboa e mesmo em zonas de comércio tradicional ou de bairro em localizações como o Restelo de Baixo, Avenida da Igreja, Campo de Ourique, etc. Este crescimento não foi igual para todos e continuamos a registar na Rua Garrett no Chiado, as transações mais elevadas com a referência de 130 € /m2, seguida do valor na Rua Augusta onde já é possível realizar transações com rendas superiores a 110 € /m2.
Em Lisboa, o mercado regista um elevado nível de procura, nomeadamente em zonas especificas, o que tem contribuído para a sustentação dos valores alcançados e em alguns casos mesmo para a sua subida. Em 2019 prevemos incrementos de 5% em Lisboa, podendo chegar a valores superiores nas zonas mais procuradas.
No caso do Porto o fenómeno é similar, embora esteja num estágio de desenvolvimento diferente, já que se iniciou mais tarde e a dimensão de mercado é igualmente inferior. O dinamismo registado resulta de vários factores, em grande parte similares aos registados em Lisboa. As zonas mais procuradas são a baixa do Porto, nomeadamente a Rua de Santa Catarina, Rua Sá da Bandeira, Rua dos Clérigos, Rua dos Flores, Rua Mouzinho da Silveira, Largo São Domingos, Ribeira, com especial foco para as actividades de restauração nas ultimas artérias enumeradas. Uma palavra para a Av. dos Aliados que com todos os imóveis que estão ou vão ser disponibilizados no mercado, pode finalmente vir a tornar-se na localização eleita pelas marcas de luxo ou Premium para estarem no Porto. As renda Prime aproximam-se dos 60 € /m2, valores registados na Rua de Santa Catarina, destino de eleição para as marcas de mass market, seguida pela zona dos Clérigos e pela Avenida dos Aliados.
Prevemos que em 2019 as rendas possam subir 10%, sendo possível registarem-se valores de crescimento superiores em alguns pontos da cidade.
Importa ainda referir que os crescimentos registados nas principais cidades, embora sejam bastante consideráveis, continuam a deixar o valor das rendas substancialmente abaixo dos registados noutras capitais europeias, ou grande cidades. Em termos de yields, mesmo com a compressão observada nos últimos anos no mercado Português, continuamos a registar uma procura acentuada para produto de investimento no comércio de rua e uma oferta escassa. As yields Prime, situam-se em cerca de 5% existindo transações a serem efetuadas abaixo desse valor.
Perspectivas de futuro
O fenómeno do turismo em Portugal é irreversível e por isso não é expectável que se possa assistir nos próximos anos a uma quebra na tendência registada até ao momento. Existem factores que podem limitar o crescimento, nomeadamente capacidade aeroportuária e de alojamento mas as características que nos têm permitido o reconhecimento internacional como destino turístico de eleição, não irão desaparecer. O fenómeno da reabilitação seguirá o seu caminho, qualificando as cidades e disponibilizando para o mercado novos espaços comerciais. As rendas vão continuar a crescer, embora mais lentamente, não sendo expectável fortes subidas como as registadas nos dois últimos anos. Preocupação, para o sector do retalho, poderá ser a prevista alteração à lei do arrendamento, que numa primeira análise, pode originar uma estagnação do mercado e uma retracção do investidores, nomeadamente pela desconfiança introduzida e alteração de regras na relação senhorio / inquilino.