A Organização Mundial de Saúde (OMS) nomeou a nova e “preocupante” variante do coronavírus, B.1.1.529, identificada pela primeira vez na África do Sul a 9 de novembro, como Ómicron, a 15ª letra do alfabeto grego, que se escreve de forma semelhante à letra O.
No fim de maio, a OMS decidiu recorrer a este abecedário para nomear as variantes mais preocupantes ou de interesse do coronavírus, de forma a evitar designações “estigmatizantes e discriminatórias” devido ao local onde foram identificadas pela primeira vez, assim como a encontrar “maneiras simples e fáceis de dizer e memorizar”. Assim, cada nova variante que fosse identificada teria, ordenadamente, o nome das letras deste alfabeto.
Alpha é a variante identificada pela primeira vez no Reino Unido, Beta na África do Sul, Gamma no Brasil, Delta na Índia, Epsilon, nos EUA, Zeta no Brasil, Eta em vários países, Theta nas Filipinas, Iota nos EUA, Kappa na Índia, Lambda no Peru e Mu na Colômbia. Contudo, para nomear a nova estirpe, a OMS decidiu saltar duas letras do alfabeto- a Nu e a Xi. Porque é que foi tomada esta decisão?
À Reuters, em comunicado, a organização justificou-se, referindo que “Nu é facilmente confundido com a palavra novo e Xi não foi usado porque é um apelido comum”. O comunicado acrescentava ainda que o objetivo desta forma de identificar as novas estirpes de coronavírus é evitar “provocar ofensa a qualquer grupo cultural, social, nacional, regional, profissional ou étnico”.
Apesar desta explicação, muitos comentários surgiram, referindo que Xi não foi utilizada pela OMS para evitar uma associação ao presidente da China, Xi Jinping, e as críticas à organização dispararam.
“Se a OMS tem tanto medo do Partido Comunista Chinês, como podemos confiar neles para o denunciar na próxima vez que tentar encobrir uma pandemia global catastrófica?”, perguntou, por exemplo, o senador e antigo candidato presidencial republicano Ted Cruz, Na sua conta de Twitter.
Esta segunda-feira, a OMS alertou, num relatório, que, tendo em conta as altas mutações da Ómicron, com potencial para ser mais resistente à imunização e mais contagiosa, o risco de a variante ser transmitida mundialmente é “alto”.
Contudo, Angelique Coetzee, a médica que descobriu a nova variante, afirmou no Andrew Marr Show, da BBC, que não há necessidade de se entrar em pânico. “O que estamos a ver clinicamente na África do Sul, e eu estou no epicentro, é extremamente leve. Para nós, estes são casos leves”. Também o investigador do INSA João Paulo Gomes apelou esta segunda-feira à calma em relação à nova estirpe, afirmando que são precisos dados consistentes para se tirar uma “conclusão mais séria” sobre o seu impacto.
Em Portugal, já foram identificados 13 casos da Ómicron, sendo que a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, já esclareceu que esta ertirpe não foi detetada exclusivamente em jogadores da Belenenses SAD, mas também em membros do staff.